segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sesimbra 1 - 0 Amora

Foi ontem! Depois de uma bela massada de tamboril num restaurante típico finalmente fui ver um jogo do Sesimbra, no estádio Vila Amália. Nunca tinha visto um jogo da distrital, portanto não fazia a mínima ideia ao que ia.
Quando entrei deparou-se-me um estádio velhinho, com apenas uma bancada em pedra, já gasta pelo tempo e pelos jogos assistidos. Algumas pessoas já se encontravam sentadas, sobretudo pessoas de meia idade, mas também algumas mais novas que aparentavam ser desportistas do clube pelos fatos de treino que envergavam ou pelas conversas paralelas que ia apanhando. Algumas mulheres pintalgavam a bancada outrora rosa e que deviam ser, sobretudo, familiares dos jogadores.
Fiquei muito com essa ideia, que este futebol é sobretudo local, com as famílias a assistir, onde toda a gente se conhece. E estava sempre à espera que aparecesse uma equipa de reportagem da "Liga dos últimos".
Algumas pessoas possuíam rádio onde ouviam o relato das equipas adversárias, neste caso o Olímpico de Montijo que se encontrava em igualdade pontual com o Sesimbra.
O relvado encontrava-se em condições razoáveis, apesar de não existirem apanha bolas e cada vez que a bola saía do terreno de jogo eram os próprios jogadores que a iam buscar.
O jogo em si era bastante fraco, com as equipas (o Sesimbra e o Amora) a jogarem de forma atabalhoada, com a bola pelo ar muitas vezes ou com passes longos e sem nexo nenhum.
Mas o mais giro mesmo foi a vibração que vinha das bancadas. Uma das mulheres, sentada algumas filas acima da minha, conhecia todos os jogadores pelo nome ou alcunhas e passou todo o jogo a incentivá-los ou, no extremo oposto, a reclamar com o árbitro e a insultar os adversários. E só ela fazia a festa toda das bancadas!
O que se ouvia da bancada em relação a um dos adversário:
- Vai para a discoteca!
- Discoteca não, vai para o asilo!

Já o arbitro e fiscal de linha devem ter apreendido todo um novo vocabulário de calão, além de terem sido apelidados de azeitonas, não percebi porquê...
Imparcialidade sobre os lances mais polémicos obviamente não existia, uma vez que segundo os adeptos o Sesimbra era sempre prejudicado.
O intervalo pautou-se por uma música arranhada que provinha de uns altifalantes antigos enquanto a maior parte das pessoas ou falava dos cromos que ainda faltavam na caderneta ou se dirigia a uma barraquinha para comprar bebidas, amendoins ou entremeadas grelhadas na altura num fogareiro na parte superior do estádio e que enchia o recinto com o seu cheiro característico. Como disse um membro do público "o melhor dos jogos de futebol é a Super Bock e a entremeada!". E a verdade todo aquele frenesim me fez lembrar os jogos de futebol que ia ver com o meu pai, na altura em que as bancadas ainda eram de pedra gasta e o meu pai me comprava sempre um Sumol de Ananás e umas sandes de queijo ou um pacote de batatas fritas.

No final o Sesimbra ganhou por 1-0, no jogo provavelmente mais entediante que vi na minha vida. Mas a experiência em si foi fantástica, e tornou-se especial exactamente pela simplicidade e bairrismo que acarretava. E fez-me ainda mais sentir que já pertenço aquele lugar, aquelas pessoas e que a entrega só agora começou...

2 comentários:

Pedro Mendes disse...

gostaria desde já de felicitar pela ida ao estádio da vila amália, bem como pela excelente descrição que faz da envolvente do jogo, teve azar no jogo que foi ver, o sesimbra joga mais que aqquilo, mas fica aqui o convite para ver um outro jogo do sesimbra... até porque o jogo em si não foi bom, mas no fim o que interessa é o resultado e esse foi uma vitoria por 1-0.

Ka disse...

E o Sesimbra continua em primeiro lugar e agora isolado! :D
Força Sesimbra!

P.S.: Para a próxima levo os meus cromos repetidos para tentar fazer trocas no estádio!