terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cheers!

Enquanto tomava banho ouvi que hoje faz 26 anos que estreou, pela primeira vez, a série "Cheers". Fiquei nostálgica.... e preocupada!!! Já passaram 26 anos??? Jesus!! Ainda me lembro de ser uma pirralha e ter de não poder ver o Cheers porque dava "muito tarde" e tinha que me levantar cedo porque no dia seguinte tinha escola (e mesmo assim ia vendo à socapa...)

Reflexões

Ontem conversava com um amigo sobre a inteligência emocional e sobre relações.
Falámos da pressão que existe nas relações quer seja uma pressão social (ter de casar, ter filhos, um comportamento socialmente aceitável...), quer seja uma pressão oculta e incutida ao longos dos anos (ter uma casa fantástica, o carro, ganhar para as despesas, etc.). A certa altura o H. referiu que não existe diálogo nos casais, que falamos com os amigos de forma diferente do que com a pessoa com que namoramos, quer na forma, quer no conteúdo.

Será verdade?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Déja Vu?

Há aqui qualquer coisa de familiar....


Descobertas de Fim de Semana

Sexta feira o concurso ganho no cotonete levou-me ao Music Box Lisboa para ouvir Nadine Khouri. Uma surpresa muito agradável.
Ontem foi noite de cinema, com o "Bem vindo ao Norte".


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mad Woman!

O local onde trabalho tem requintes de excentricidade, quer nas pessoas que aqui labutam, quer pelo contexto em si. A última delas foi a aquisição de uma colega para a contabilidade que está cá sensivelmente há um mês. Neste tempo vi-a duas vezes: uma em que eu estava a sair para serviço externo e ela a chegar, e outra quando fui buscar café. Convém referir que as instalações são extremamente pequenas e não nos cruzarmos com alguém aqui é que é difícil. Mas decidi não ligar muito, que eu também sou menina para estar metida no meu gabinete e não na vida dos outros. Mas já tinha ouvido alguns comentários de que ela era um pouco "estranha", que queria plantar alfaces nos terrenos circundantes e tinha a mania da perseguição. Pensei "bom, é mais uma doida para trabalhar aqui que tendo em conta o que fazemos até dá jeito".

Afinal parece que a coisa é mesmo séria e ronda o distúrbio psicológico. Tem um discurso que ronda a mania da perseguição, de que todos lhe querem fazer mal, que existem informadores do SIS em todo o lado, incluindo transportes públicos, que ninguém está seguro. Anda com um saco de ginástica que ninguém sabe o que tem lá dentro, almoça de pé e come sempre sandes com um conteúdo imperceptível, para ir ao wc nunca passa pelo corredor onde está o meu gabinete, que é o caminho mais curto.

Parece que hoje as coisas foram mais longe. Depois de no parque de estacionamento quase ter gritado ao motorista da instituição que trabalha ao lado da nossa (e que se encontra sempre sossegado ao pé de uma das viaturas) "Chegue-se para lá!!!! Não me toque!!!", chegou ao trabalho e decidiu que se ia demitir. Para isso, seguiu o director até ao wc para falar com ele. Os motivos para a demissão? Bom, ninguém sabe ao certo, mas diz que não consegue trabalhar aqui porque a andamos todos a perseguir.
Xiça! Isto é que é maluqueira! Claramente estamos a falar de uma doença que necessita de ser curada. Será que estas pessoas conseguem viver uma vida normal?

P.S.: O tal motorista apareceu veio até ao nosso trabalho para nos avisar que anda uma mulher louca a rondar as instalações, para termos cuidado! Tivemos de lhe explicar que a louca afinal trabalhava aqui...

sábado, 20 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 3

Dia 19 de Agosto: Porriño-Redondela

O dia começou cedo, ainda o sol não tinha aparecido e o frio da madrugada arrefecia-nos o espírito. Quando saímos do albergue demorámos algum tempo até achar o caminho correcto, o que nos desmoralizou um pouco, juntamente com as mazelas que trazíamos de véspera. Eu sabia que existiam troços de caminho que não seriam fáceis mas o dia em si não seria dos mais complicados. Contudo para a C. a história foi bem diferente, uma vez que tinha os pés numa desgraça de bolhas e ligaduras. Enquanto caminhávamos na nacional, com camiões que aumentavam o frio, barulho e angústia do espírito, tivemos de fazer uma primeira paragem, mesmo na berma, para que a C. colocasse novas ligaduras. Percebi nesse instante que a penitência dela estava a começar.

Paragem à berma da estrada, para cuidar dos pés.

Quanto a mim apareceram as primeiras bolhas e as dores musculares aumentaram o que me fez recear pelos dias vindouros.
Dei comigo a pensar numa frase que li antes de encetar a viagem e que dizia que se queremos que Deus entre no nosso coração, então temos de deixar espaço para que ele o ocupe. E isso aplica-se a todas as situações da vida: se queremos que algo aconteça e faça parte de nós, então temos de estar receptivos a essa entrada, mudança.
A subida íngreme perto do albergue de Mós fez algumas mossas a nível muscular: aquele troço continuava a ser tão horrivel quanto me lembrava. Sentei-me no chão à espera da S. e da C., que tinham ficado para trás. Nesta altura já me estava a borrifar para o sítio onde me sentava, qualquer berma de estrada servia, mesmo com carros a passar bastante perto. Lembrei-me de ter feito aquele troço no ano transacto em condições bem piores e de ter conseguido e isso deu-me algum alento.

A passada foi feita de forma lenta. A C. teve de aplicar mais pensos e ligaduras, e quer eu quer a S. olhámos para os pés dela com bastante preocupação. Por esta altura também a S. começava a sentir maiores dificuldades nas descidas devido aos problemas num dos joelhos. Emprestei o meu bastão à C., de forma a ter mais um ponto de apoio e fazer menos esforço e, consequentemente, tentar apaziguar as dores.
Mesmo assim fomos das primeiras a chegar ao albergue de Redondela, que ainda se encontrava fechado. Tomámos banho, tratámos dos pés e eu e a S. decidimos dar uma volta. A C. decidiu não sair, estava bastante em baixo neste dia.


Albergue de Redondela

Voltei a pensar na vida que deixei em Portugal, nas pessoas com quem me partilhava e na importância que isso tem e deve ter. Mais importante: sou eu que construo o meu próprio futuro e o meu caminho!Ninguém me pode retirar isso...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Iqueia" ou "I quê à"??

Basta clicar para rir com o "Gato"!

Anjos e Demónios

Os muros altos, forrados de arame farpado indiciavam o ambiente que ali se vive. Os portões abrem-se, esperando a minha entrada no local de rendenção e penitência das almas. O tempo e as vivências passadas permitiram-me criar, também em mim, muros altos que me defendem e protegem. As revistas, os detectores de metais, o eco (sempre o eco), o frio e a humidade subjacente a estes locais já não me afectam, tornando-se antes uma parte de mim, como uma simbiose.
Aguardo através de uma porta espelhada pelas pessoas que naquela sala, por breves momentos, se irão partilhar comigo. Não deixo de me sentir Caronte, mas num processo inverso, conduzindo neste caso as almas do inferno para uns momentos de paz e liberdade ilusória.
Todos de castanho, com o mesmo semblante frio e soturno, fazem-me pensar na tentativa infrutífera de uniformizar o espírito, mas tal é impossível porque independentemente das experiências somos todos demasiado humanos. Cada sorriso, olhar, aperto de mão são únicos e especiais.

Tento distanciar-me, colocar a máscara do alheamento e simpatia enquanto olho para as grades da janela e penso no que tenho à minha espera no mundo terreno.
Uns olhos negros, frios como metal, inexpressivos e maquiavélicos fitam-me, despindo-me a alma, rasgando-a em mil pedaços. Um esgar de boca deixa entrever dentes aguçados e brancos que me arrepiam de medo e desconforto.
Mãos que se prendem e tocam por instantes num limbo de sinergias onde não existem anjos nem demónios, apenas almas perdidas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Hometown Glory - Adele

Má-Donna


E ontem foi noite de concerto. Com o Parque da Bela Vista a abarrotar, a rainha do Pop deu o chamado "concerto do ano".
Num espectáculo repleto de efeitos especiais, com um palco dinâmico e próximo do público, apresentou os seus temas mais recentes. No entanto confesso que prefiro a Madonna dos "good old days", com os clássicos que me fizeram crescer. Foram apresentados alguns temas mais antigos, mas reinventados (nem sempre bem conseguidos), como o Human Nature, Vogue, La Isla Bonita, etc.
Talvez tenha sido impressão minha, mas nem sempre o público aderiu de uma forma mais entusiasta, também porque a diva tinha mais que fazer que puxar pelas 75 mil pessoas que lá estavam.
Mas Madonna é sempre Madonna e assisti a um concerto memorável, único (e que bom foi vê-la a aparecer em palco sentada num trono....).

Ainda houve tempo para, depois de andar imenso, apanhar um táxi com um motorista completamente louco, a conduzir a 120km hora na 2ª circular, borrifando-se para radares e outros carros enquanto ouvia Mamonas Assassinas com o volume no máximo. Eu já me agarrava à porta, completamente em pânico, enquanto o taxista dava mais uma guinada com o carro e me dizia "não tenha medo que chega lá inteira!!".

sábado, 13 de setembro de 2008

Rainha da Pop

E amanhã é dia de Madonna!! Lá vou estar eu junto de mais 75 mil pessoas a ver a rainha da pop e o maior ícone da música. Só podia ser Leoa, claro...

Caminho Português de Santiago - Dia 2

Dia 18 de Agosto: Valença - Porriño

O segundo dia de caminhada iniciou-se cedo. Quando acordei um certo temor percorreu o meu corpo, por não saber se conseguiria andar e levar até ao fim o objectivo que tinha delineado. E, para mim, desistir não é uma palavra que exista no meu vocabulário.
A coxear e a arrastar-me fui arrumando a mochila e ajeitando o casaco. O dia nublado prometia criar algumas dificuldades. Por já conhecer o trajecto do ano anterior, sabia que poderia estar descansada nos primeiros Km, afinal era um trajecto que gostava.
A S. e a C. tinham algumas bolhas criadas no dia anterior, mas encontravam-se em melhor forma que eu. As três fomo-nos dirigindo para a ponte metálica que une Portugal a Espanha.

Atravessando a ponte que liga Portugal a Espanha


Com alguma dificuldade, mas tentando manter-me animada, fui calcorreando Tuy e os bosques envolventes. Começámos a encontrar vários peregrinos e num troço do percurso meio isolado, começou a chover. Tivemos de usar os Ponchos, capas horriveis para proteger o corpo e a mochila da chuva. Apesar do calor e cheiro a plástico que os ponchos libertavam ainda soltámos umas gargalhadas: eu e a S. parecíamos uns dromedários mas a C., como italiana que era, tinha uma capa toda fashion! Ou seja, até nas piores condições possíveis, a C. parecia que estava a desfilar em Milão. Mais peregrinos "dromedários" deslocavam-se ao fundo originando um espectáculo ridiculamente engraçado. Tivemos a sorte de a chuva ter durado pouco tempo e podermos tirar os ponchos. As minhas dores musculares atormentavam-me e tive de parar várias vezes com receio de que as câimbras não me deixassem prosseguir.

Fui tentanto incorporar a dor e dei comigo a pensar no que tinha deixado para trás, em Portugal. Tentei rir-me com algumas episódios uma vez que isso me ajudava a caminhar, ao mesmo tempo que comecei a aperceber-me da importância das coisas simples.


Nos bosques circundantes, entre Tuy e Porriño

Com o tempo aproximámo-nos da famosa "recta industrial", uma enorme estrada, cheia de indústrias e camiões a passar. Por esta altura a chuva tinha dado origem a um calor que aquecia o alcatrão que nos queimava os pés. Apesar de grande parte das pessoas não gostar deste trajecto para mim continua a ser um dos mais fáceis e, confesso, até gosto porque entre tanto barulho, poluição e vivências mundanas, consigo abstrair-me e apreciar ainda mais a simplicidade da vida, da natureza, lembrando-me constantemente do porquê de fazer tantos km com sofrimento. Relembra-me os meus objectivos.
Uma vez que começava a ganhar ritmo e a conseguir abstrair-me da dor, a partir de certa altura consegui caminhar de uma forma mais determinada e com mais confiança também, ao invés da S. e a da C., cujas bolhas tinham aumentado. Para elas o trajecto foi penoso, fazendo os últimos Km. com muita dificuldade.

Conseguimos chegar ao albergue onde tratamos das mazelas. A S. e a C. tinham os pés numa lástima e passaram grande parte do tempo a rebentar as bolhas e tentar minimizar os estragos. Eu, cujas dores me tinham atormentado, estava agora mais calma e bem disposta: não tinha ainda bolhas, apenas dores musculares que estava a conseguir controlar. Além do mais tinha um objectivo: ir aos correios para tentar enviar postais para casa. E tinha que ser naquele dia, para chegarem cedo. Elas ficaram a descansar e tratar das bolhas, enquanto eu me arrastei numa rua íngreme para tentar chegar aos correios. Quando lá cheguei li o aviso com a indicação de que em Agosto fechavam mais cedo. Conclusão: arrastei-me de volta para o centro de Porriño sem postais enviados. Tive a sorte de encontrar uma papelaria com um marco de correio cá fora e lá consegui enviar os malfadados postais. E senti um gostinho especial ao enviá-los, senti que estava a partilhar uma parte de mim, do meu mundo, com quem me era especialmente importante e com quem me tinha apoiado. E isso deu-me alento e fez-me perceber as coisas de uma outra forma também.

Para o jantar tivémos o privilégio de comer comida italiana, cozinhada especialmente por uma italiana, a C.! Além do valor simbólico foi uma das refeições que melhor me soube, pelo gostinho caseiro que já não conseguia saborear há uns dias, o que me confortou a alma.

Contactámos pela primeira vez com um sul africano de 80 anos que estava a fazer o caminho, de forma solitária e impressionante e comecei a personalizar o meu bastão enquanto me partilhava com a C.

Apenas tinham passado dois dias e conseguia sentir as pequenas mudanças de alma. O tempo tomou uma outra dimensão e os laços estabelecidos também. As companheiras de caminhada, eram agora companheiras de alma e trajectos de vida. Comecei a deixar que sentimentos positivos me inudassem e a perceber que esses sentimentos positivos eram as pessoas que tinha deixado em Lisboa, e o que já tinha construído com elas. Apercebi-me da importância da família, que apesar de todas as rabugices e discussões têm estado presentes, apoiando-me no meu caminho e dizendo-me que estarão do meu lado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Recuerdos...

Em conversa relembrei aspectos catitas da infância:

* os famosos "glutões" do detergente;
* comer cenoura crua (normalmente era expulsa da cozinha porque comia as cenouras que eram para a sopa ou para o jantar...);
* comer chocolate de culinária, aquele negro amargo que se cola aos dentes (ainda hoje faço isto...);
* lamber a pasta de dentes enquanto lavava os dentes;
* beber o sumo de laranja extra doce que a minha avó fazia (só com laranja e kg de açúcar);
* comer pinhões tirados directamente das pinhas, que deixavam os dedos cheios de resina. Mas até já tinha um martelo pequenino só para os pinhões. E o gosto é tão diferente.... é como beber cerveja do copo ou da garrafa...é diferente (ok, estou a divagar já...);
* Fazer bonecos com o miolo do pão, sobretudo quando a refeição era peixe cozido e demorava horas a terminar;
* Comer morangos e requeijão com açúcar (ricos hábitos que a minha avó me incutia...depois não havia de estar gordinha...enfim...);
* Os meus copos com o Misha e a Natasha, que quando se partiram foi um desgosto de alma (e sim, o ursinho Misha e a Natacha eram as mascotes dos jogos olímpicos de 1980 na Rússia!!);

It's so nice!

Hoje já recebi várias mensagens carinhosas e aconchegantes.
Tantos miminhos de alma pela manhã! Isto hoje promete!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Descobertas gastronómicas


Quem me quiser subornar já sabe: petit gateau com uma bolinha de gelado (de baunilha fica divinal!).
Ok, eu confesso, sou uma gaja fácil....

Memórias

"Every camino, as well as every experience in our life are unique and we don't have to compare each other."
Nada acontece por acaso, e como tal existe sempre uma frase certa, na altura perfeita. Sei que nunca lerás estas palavras, mas C., obrigada pelas aprendizagens e partilha de alma. Não interessa se em italiano se em português, porque a linguagem dos afectos é universal.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As piores capas de albúns:

Que lindo! E são mais de 50! Podem-se descobrir verdadeiras pérolas aqui.

Teatrinho

Ontem fui finalmente ver As Vampiras Lésbicas de Sodoma, no Teatro Mário Viegas, no Chiado. A peça, que está em cena pelo 3º ano, é genial, com um elenco de actores fantástico, diálogos muito cómicos e imprevistos que faziam soltar gargalhadas sonantes.





domingo, 7 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago- Dia 1

Dia 17 de Agosto: Ponte de Lima - Valença



O dia começou cedo em Ponte de Lima, encontrámo-nos às 6:30 na ponte romana com a C., a italiana que tínhamos conhecido na véspera, na camioneta.
Seguimos caminho, tentanto identificar as primeiras setas amarelas no trajecto, e rapidamente nos deparámos com charcos de água e lama, quase intransitáveis. Na maior parte dos casos conseguimos contornar a lama, noutros não foi possível o que acabou por levar a algumas gargalhadas.
A certa altura do trajecto eu e a C. começámos a sentir a necessidade de um ponto de apoio, uma vez que a S. já tinha o seu bastão. Ao passarmos por um monte de lenha olhámos uma para a outra e começámos a ver se existia algum pedaço que pudesse servir. A certa altura aproximou-se uma senhora e eu, pensando que era a dona da lenha que estavamos a tentar "roubar" tentei avisar a C., de forma rápida e embaraçada. Quando olhei para o lado já a mulher estava ao nosso lado, sacou rapidamente de um pau, que partiu de forma lesta no joelho. Deu uma metade à C., e a outra a mim dizendo que podia ser útil para subirmos a serra.

Tínhamos acabado de arranjar os bastões, fiéis companheiros de caminho, que se iriam moldar às nossas mãos e passadas de alma.


O riso e boa disposição acabaram quando chegámos à Serra da Labruja. Sempre ouvi dizer que este troço do caminho era dos mais difíceis, mas nada me preparou para o que aí vinha: debaixo de um sol quente de Verão deparámo-nos com terrenos íngremes, feitos de terra batida ou pedras irregulares. Algumas subidas eram de tal forma íngremes e com poucos pontos de apoio, que senti necessidade de as fazer de forma contínua, não fosse parar e o peso da mochila me tombar para trás.
E constantemente lembrei-me das palavras do meu amigo M. que já tinha feito aquele troço: "quando pensares que não pode existir subida pior que a que fizeste, prepara-te! A seguir vem uma pior!". O desânimo toldou-me o espírito com tal caminho desolador.

Chegámos ao albergue de Rubiães por volta do meio dia. O albergue encontrava-se vazio e depois de conversarmos, uma vez que ainda era cedo e nos encontrávamos bastante bem a nível físico, decidimos prosseguir caminho até Valença. Foi o pior que fizemos... Os primeiros Km correram bem, uma vez que o terreno não era complicado, mas o cansaço provocado pela Labruja, os vários km ainda por fazer e o calor que se começava a fazer sentir tiveram as suas consequências. A C. e a S. começaram a sentir as primeiras bolhas formarem-se. No meu caso foram as dores musculares. Comecei a sentir dores que a cada passo que dava me impediam de prosseguir de forma lesta. Primeiro a perna direita com dores musculares intensas, depois o pé esquerdo. Já não conseguia andar nem coxear, apenas arrastar-me, receando que as câimbras aparecessem a qualquer momento. Eu, que normalmente tinha o passo mais rápido das 3, comecei a ficar para trás. Deixei o desânimo e a falta de fé inundarem-me. Dava apenas uns passos e tinha de parar. Em alguns momentos pensei em não me levantar pois não sabia se conseguiria voltar a andar. Tentei abstrair-me das dores pensava nos objectivos que me tinham levado até ali e tentando ganhar forças para os últimos km.

Completamente arrasadas chegámos ao albergue de Valença onde pudémos descansar e tratar das primeiras mazelas. Tratei das pernas e pés inundada de tristeza e desânimo. Costumava dizer às pessoas para não se deixarem abater pelo primeiro dia, que era sempre o pior, mas esse concelho não serviu para mim...E isso fez-me lembrar a minha falta de humildade...

Tentei fazer os meus últimos contactos com Portugal, tentando ganhar forças através da energia das pessoas que me eram importantes. Deitei-me sem saber se conseguiria andar no dia seguinte, pensando que talvez o meu caminho ficasse por ali e tivesse de desistir....

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ai caneco

Ai que hoje é dia de Maria Antónia, a Psicóloga!

Devia ir antes a uma consulta de psicologia, para me preparar para esta sessão!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 0

16 de Agosto: Viagem para Ponte de Lima - Ponto de Partida

Apanhei a tradicional camioneta da rede expresso que liga Lisboa a Ponte de Lima, num percurso de várias horas. Até à estação o peso da mochila moldava-se nas minhas costas, relembrando-me as dores do ano transacto e avisando-me que o percurso deste ano não seria mais fácil, mesmo com a expriência anteriormente adquirida.

Aproveitei a viagem para me recolher nos meus próprios pensamentos, traçar objectivos e pensar no que tinha deixado em Lisboa e o que me esperava nos vários km de trajecto de alma que iria percorrer.

Em Braga fizemos o transbordo de camioneta, como já vem sendo habitual. A S., que tinha levado o bastão característico de Santiago junto da bagagem, tinha decidio levá-lo agora junto dos passageiros. Começámos a achar estranho uma rapariga franzina, de olho azul, estar constantemente a olhar para nós. Até que começa a conversar connosco, numa espécie de "espanhol-português", perguntando-nos se iríamos fazer o caminho de Santiago. Começámos a falar em inglês, e lá se apresentou como sendo uma rapariga italiana, a C., que já estava em Portugal há umas semanas e tinha decidido fazer o caminho português, que tinha iniciado no ano passado mas não tinha terminado. A conversa desenrolou-se com naturalidade e a C., que iria começar em Valença, decidiu ficar em Ponte de Lima e começar a caminhar no dia seguinte connosco. Em Ponte de Lima decidimos ficar na pensão onde já tinha ficado no ano passado, cujos preços são feitos "à medida" e do "quanto vos disseram que era o quarto quando reservaram?".

Ainda tivemos tempo para um repasto português enquanto se via o Sporting ganhar a Super Taça ao Porto e se definiam estratégias para as etapas que aí vinham. Três pessoas completamente diferentes, com objectivos e aspirações diferentes, uniam-se num objectivo comum.

Eu estava pronta para o primeiro passo de uma nova etapa....

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Descobertas Gastronómicas

Numa ida fantástica e inesquecível a um restaurante Tailandês, decidi experimentar uma sobremesa típica: "Rambutão com ananás". Não fazia a mínima ideia do que era Rambutão, e quando chegou uma tacinha com bolinhas parecidas com lichias fiquei receosa. Não sou grande apreciadora destas, sobretudo depois de num restaurante chinês ter pedido uma sobremesa denominada de "Olhos de Dragão" que basicamente eram lichias a boiar numa calda espessa de sabor estranho, que não consegui ingerir.
"Bem, já que pedi isto, deixa cá experimentar". A colher afundava-se na calda e pensava "esta porra são lichias, estou tramada...". A esta altura já a pessoa que estava comigo tinha cheirado o Rambutão e com um ar arrepiado disse que não conseguia comer aquilo. Afundei outra vez a colher na calda até a minha companhia de desgraças gastronómicas ter decidido arriscar e engolir um Rambutão. Fiquei à espera da reacção que não foi propriamente a melhor: um conjunto de caretas e de indeciões se o rambutão ia parar meio cuspido ao guardanapo ou se era engolido num rasgo de coragem, com algumas lágrimas à mistura.
Pensei ironicamente "porreiro, tenho uma taça cheia disto para comer.....". Decidi experimentar o primeiro a medo mas depois de toda a expectativa criada, a verdade é que gostei! Era macio e doce, com ananás por dentro para não o tornar tão enjoativo.

Como curiosidade, aqui ficam algumas informações extra sobre o Rambutão.