terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Concertos de ópera, pupus e epifânias

Ontem de manhã tive uma mini-surpresa desagradável logo após o pequeno almoço. O Pépe foi ao seu wc privativo e reparei que algo não estava bem uma vez que o presente que ele me ofereceu continha um pouco de sangue. Foi mini surpresa porque antes da passagem de ano ele já tinha andado assim mas depois passou, tendo no entanto feito com que eu ficasse mais alerta para a situação.

Como tal, e tendo em conta que esta situação não é de todo normal, decidi ao fim do dia ir ao veterinário com ele nem que fosse para eu própria ficar mais descansada. Saí do trabalho cedo, fui a casa a correr e contei com a ajuda do meu pai que me deu boleia. Fui buscar a transportadora à arrecadação e enquanto a montava tanto o Pépe como a Zara estavam fascinados com ela, pois era novidade, já não a viam há algum tempo. Talvez por isso - e a memória de gato deve ser curta - o Pépe entrou todo contente lá dentro enquanto a Zara o cheirava cá de fora. Só passado uns segundos é que ele percebeu que não gostava nada de estar fechado e lá começou o seu concerto habitual de ópera enquanto a Zara aproveitava e ficava com a casa por sua conta.
O raio do gato foi o caminho todo a miar, parecia que o estavam a esfolar e era um desgraçado. Ainda por cima, como não tinha marcado consulta tivemos de esperar mais de 1:30h., mas apesar disso lá sossegou e a ópera ficou apenas pela introdução.

Ainda houve tempo para o meu pai cair mesmo à porta do veterinário e foi um voo digno de super homem. Nem eu me teria saído melhor nos meus episódios tristes. Para quem assistia deve ter sido magnífico: uma gaja toda encolhida por causa da chuva, com um gato a miar desalmadamente à porta enquanto atrás dela aparece uma pessoa a voar e estatelar-se no chão. Enfim...

Resumindo a história, além do joelho e dedo esfolado do meu pai, a doença do Pépe pode dever-se a vários factores, estando no entanto o médico mais inclinado para alguma coisa que ele tenha ingerido e que lhe esteja a provocar este tipo de reacção- sim, porque o Pépe nem rói sacos, nem transformadores de telemóvel (já me roeu uns 3 ou 4), fita cola, cartão, linhas nem toda a porcaria que apanha. Não não! - podendo também dever-se a algum parasita interno ou outro tipo de doença. Veio para casa com desparasitante, umas saquetas para o estômago (uma vez que também teve alguns vómitos) e agora é esperar para ver se melhora ou não. Em caso negativo ter-se-á de apostar no antibiótico e se mesmo assim a situação persistir terá de fazer exames complementares para ver se tem alguma coisa no intestino.

Apesar de mais calma, continuo preocupada e com a expectativa de saber se efectivamente ele melhora ou não. A conta que tive de pagar também não foi agradável mas agora é o que me preocupa menos, quero mesmo é que ele fique bem. Quando cheguei a casa ainda lhe dei a medicação mas ele portou-se bem e tomou tudo com o verdadeiro gatão que é. Nem reclamou e deixou-me fazer o que quis.

Hoje no entanto já foi uma conversa diferente. Atrasada para o trabalho, encher a seringa com o líquido receitado foi uma tarefa mais complicada, especialmente porque o Pépe já sabia ao que ia e não estava a gostar muito da conversa. Era ele a espernear, eu com a seringa. Eram os bigodes dele com o remédio e às tantas aquilo esguichou tudo e já era eu também com remédio em cima de mim e espalhado no chão. Foi fantástico...
Além disso ultimamente tenho-me apercebido da idade dos meus meninos. Como vieram adultos para minha casa, parei no tempo e para mim o Pépe terá sempre 2 anos e a Zara 4. Mas a verdade é que o tempo passa e eles já estão à volta dos 7 anos, ou seja, estão a começar a entrar na fase de idoso. Isso assusta-me, não consigo imaginar-me sem eles, sem as nossas rotinas.
Há uns anos passei uma fase muito complicada, andava constantemente deprimida e achava que a vida não fazia sentido. Ainda me recordo de quando chorava virem os dois terem comigo e ficarem ali, como que a guardar-me... a Zara chegava mesmo a ir para o meu colo ronronar enquanto olhava para mim. E essa situação marcou-me e percebi que por mais sozinha que me sentisse não estava verdadeiramente sozinha. Esse episódio ditou uma mudança. Considero ainda hoje que eles os 2 me salvaram e talvez por isso tenha uma relação tão especial com eles.

Tenho tentado aproveitar mais o tempo que passo com eles, quase como que pedindo que o tempo retroceda para que eu possa aproveitar o que eles têm para me oferecer, por tempo infinito...

2 comentários:

Anónimo disse...

Está melhor?

Ka disse...

Aparenta algumas melhorias, mas tem de continuar sobre vigilância.
Se o sintoma regressar, terá de se modificar o tratamento.