terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Que venha Janeiro rapidamente!

O Natal ter passado significa que a passagem de Ano está à porta. Para mim é um suplício, um fardo (e fado) demasiado grande. Simplesmente detesto esta data. Seriam precisas algumas sessões de psicoterapia para perceber com clareza o porquê de me provocar tanta confusão e desconforto, mas o que sei é que não me sinto nada apaziguada com isto.

Lembro-me que quando era pequena até achava uma certa piada, porque a família reunia-se e às 00:00 íamos para a varanda bater panelas. A minha mãe reclamava sempre porque os tachos ficavam todos amassados até que aos poucos começou a desistir e já existiam "panelas para bater na passagem de ano". Mas à medida que fui crescendo esse sentimento inocente foi dando lugar ao desconforto. Via os meus amigos sairem na data que representava folia e diversão, enquanto eu ficava ano após ano em casa, ou porque os meus pais não me deixavam sair ou porque não recebia convites. A verdade é que tinha poucos amigos e mesmo esses acabavam por ir com outras pessoas ou com os respectivos namorados e fui habituando-me a ficar por casa e eles a nem sequer me convidarem. Os anos foram-se abatendo, um após o outro, e percebia que cada vez ficava mais esquecida naquele marasmo...

Mais tarde comecei a sair, sobretudo quando comecei a namorar. Mas nem isso era pacífico. Recordo-me de esta data estar repleta de desavenças, discussões e pessoas que não conhecia de parte nenhuma.
Então as passagens de ano em casa deram lugar a passagens de ano a discutir, até ao momento em que passei uma fase terrível da minha vida. Nesse ano, o único até agora, decidi passar o dia 31 sozinha. Sentia-me tão mal, tão negra que nem sequer ponderei outra hipótese. Quando me perguntavam se já tinha convites e o que ia fazer, mentia, dizendo que ia passar com amigos. Só queria estar sozinha, não queria ser peso para ninguém nem ter de dar justificações... Fiz o jantar para mim, aluguei um filme e à meia noite comi passas enquanto chorava e o meu coração sangrava de dor...

Os últimos anos foram mais calmos, mas trazem-me recordações e sentimentos de outrora. Percebi ontem que com a aproximação de mais uma passagem de ano me sinto em pânico. Há algum tempo atrás aceitei um convite sem pensar muito no assunto, mas percebo agora que isso me está a provocar uma ansiedade enorme. Pode parecer estúpido mas fico muito tensa e ansiosa.
Tentei perceber melhor o porquê de me sentir assim. Lá está, precisava de psicoterapia, mas à primeira vista parece-me que a passagem de ano representa para mim chatices, discussões, abandono. Além disso esta é uma data festiva por natureza, uma data de excessos, de folia e diversão e ontem percebi que...eu não sou assim! Sou uma pessoa reservada, tímida e estar em grupos grandes de pessoas que não conheço inibe-se e faz com que me isole.

Percebi que o que me fazia realmente sentido e gostava era passar uma noite tranquila em casa, na companhia de meia dúzia de pessoas que me são muito próximas e íntimas, com quem me sinto mesmo à vontade. Ao olhar para trás constatei que nunca tinha feito isso, nunca tinha passado por essa experiência.

E pelos vistos este ano também não... ao ter aceite convites arrastei pessoas comigo. Tudo isto ainda me provoca mais ansiedade, claro está, mas também sei que é tarde para mudar isso porque tenho pessoas a depender de mim. Por outro lado, é importante lidar comigo e tentar evoluir, tentar combater as minhas inibições por mais que me custe. Mas a verdade é que sinto ansiosa e pressionada e não sei lidar e conjugar tudo.

Neste momento só espero que o Janeiro chegue depressa...

2 comentários:

Dehumanizer disse...

Compreendo-te melhor do que tu pensas, se bem que em geral o meu problema costuma ser com o Natal: família reunida, tudo muito próximo, toda a gente casada ou lá perto, e eu... um bocado à parte. Só este ano é que não foi assim.

Ano novo, por outro lado, há muito tempo que representa para mim "copos" e convívio, o que é bem mais fácil para alguém também vagamente tímido e introvertido do que aquele "amor" todo do Natal.

Ka disse...

Eu prefiro o "amor todo do Natal" até porque passo apenas com a família mais próxima.
Já o ano novo, exactamente por ser "copos" e "convívio" pesa-me imenso...