De há umas semanas para cá a minha vidou mudou, literalmente. Agarrei em caixotes, livros, gatos e na minha essência e coloquei tudo num pequeno T2 nos subúrbios de Lisboa. Mudou o nível de vida, mudaram as rotinas, as horas a que me levanto e o tempo que demoro a chegar ao trabalho. Mudaram as referências: já não tenho movimento e comércio aberto até tarde como em Lisboa, nem cultura a cada esquina, não tenho os amigos de sempre nem os conhecimentos mais recentes. E neste balanço poderá ser fácil questionar o porquê da decisão e quais as vantagens de tal mudança.
Mas são os pequenos detalhes os mais importantes. É poder ver os meus sobrinhos crescerem, mesmo que o mais novo comece a chorar porque o Homem Aranha que desenhei estava feio; é relembrar e reviver a relação próxima e íntima que tinha com a minha irmã e que se tinha enfraquecido com a distância, a idade e o ritmo de vida; a sensação de ter um espaço meu, construído por mim que indicia uma nova etapa e um novo caminho a percorrer; conseguir apreciar as coisas simples e valorizar o que tenho; é ver o Pépe e a Zara deliciados com o vento que lhes bate nos bigodes ou com o piar do pardal que tem poiso certo mesmo por cima de nós; é não ter barulho ou a poluição típica de Lisboa, conseguir ouvir grilos, galos e pássaros pela manhã; é ir à varanda e ouvir o silêncio, ver as luzes de cidades distantes e conseguir ver o céu estrelado;
É conseguir sonhar e voar mais alto. Mais além.
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