Depois de anos a ir a pé para o trabalho hoje vim, pela primeira vez em muitos anos, de transportes. Consequências da mudança. Já não estava habituada a acordar mais cedo, a olhar constantemente para o relógio por causa dos horários que tenho que cumprir porque como diz a minha mãe na sua sabedoria infinita de senso comum "nós esperamos pelos transportes, mas os transportes não esperam por nós!". E sendo assim algo novo para mim. Filas na paragem, pessoas estranhas sentadas nos bancos à minha frente. Acompanharam-me dois adolescentes e um senhor com pinta de louco que falava altissimo ao telemóvel sobre o Magalhães e sobre programas escolares. Quando desligou o cenário piorou porque começou a falar e a rir sozinho, para num esgar rápido como um ninja sacar um livro da mala intitulado "o livro das respostas". E não se limitou a abrir o livro e a ficar com as conclusões do que lia. Não... Ia lendo alto as respostas enquanto desfolhava com fervor o livro e pensava alto. Foi assustador.
Depois desse episódio a rotina do comboio, com magotes de pessoas a correrem e a gritarem "segurem as portas!!" enquanto eu feita parva tentava perceber se o comboio tinha como destino Lisboa. Durante a viagem fui observando as pessoas, quase todas com saquinhos com *marmita*, quase todas atrasadas e ensonadas.
E senti a falta de um livro.
Mas vi a claridade do dia a nascer por detrás das serras.
E o rio, logo de manhã, na sua tranquilidade inata.
E esqueci-me de trazer o lixo para o caixote...oops!
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