Não sei de onde surgiu, quando surgiu ou quem teve a ideia de o fazer, mas no fim-de-semana vou ter um jantar de turma de secundário. À primeira vista parece uma ideia catita e agradável, reencontrar os antigos colegas que seguiram percursos diferentes dos nossos e nunca mais vimos. Mas a certo ponto - e complicada como sou - comecei a pensar: "mas espera lá, isto não é tão interessante quanto parece!". E lembrei-me de quem efectivamente fazia parte dessa turma e de como costumávamos funcionar. È claro que existem pessoas de quem gostava e me dava bem, uma delas é uma das minhas melhores amigas e até já nos conhecíamos antes do secundário mas não foi assim com toda a gente. E mesmo as pessoas com quem me dava...puxa, já passou tanto tempo sem contacto, vamos estar todos tão diferentes!
Recordo-me do panorama geral, éramos uma das melhores turmas da escola e isso pode parecer positivo, mas no seio do grupo não era assim tão bom. No fundo era um conjunto de meninos bem comportados e algo mimados, que competia entre si para ver quem tinha as notas mais altas e entrar em Medicina. E a verdade é que o resultado foi mesmo o de se terem formado vários médicos, enfermeiros, biólogos...
Não sei, tudo isto me soa estranho....Lá está, a maior parte seguiu grandes carreiras, já estão casados e com filhos, uma vida estável, agradável, chique. E depois existo eu, sempre tímida e recatada, que ainda ando de mochila e ténis e não tenho uma grande carreira, não sou casada, não tenho filhos nem uma vida fantástica e finesses. E questiono-me que raio vou fazer aquele jantar, sem ser o de me sentir à parte, porque no fundo não "conheço" ninguém.
Isto pode parecer uma ideia arrogante e presunçosa da minha parte, além de extremamente negativista e talvez esteja a ser injusta até porque também me recordo dos aspectos positivos, das brincadeiras, dos episódios ridículos que nos marcaram, de algumas cumplicidades, dos professores que nos acompanharam e viram crescer. Mas tenho receio que não seja isso a sobressair no jantar, mas sim os projectos, as carreiras, o dinheiro, a vida pessoal.
E tudo isto me faz lembrar uma história da Disney com uma das minhas personagens favoritas, o Pateta. Tal como eu, o Pateta recebeu um convite para uma reunião de antigos colegas de escola, e após o entusiasmo inicial percebeu que não tinha vontade nenhuma de ir porque os colegas seguiram rumos diferentes e tornaram-se médicos, advogados, gestores, pessoas de sucesso, enquanto o Pateta....bem, era o Pateta! Acabou por ir obrigado pelo Mickey e após constatar que nada tinha que ver com aquela realidade e de se sentir inferiorizado, decidiu ir embora. E foi nesse instante que apareceu o Bafo de Onça para efectuar um assalto. O Pateta lá convoca um antigo "grito de guerra" que os colegas reconhecem e todos juntos impedem o assalto do vilão, tornando-se o Pateta no herói da história, admirado e querido por todos.
Não deixo de me sentir familiarizada com o Pateta na primeira parte da história, mas eu não tenho um grito de guerra (e também espero que não apereça nenhum Bafo-de-Onça a efectuar um assalto).
Talvez possa tentar sair de fininho, como o Pateta tentou fazer...
3 comentários:
Pelo menos os teus colegas de escola estão bem encaminhados. Se encontrasse os meus...ahahah...ora deixa ver… traficantes, arrumadores, atrás da caixa de um Super, cheios de filhos (não pensemos nisto como uma coisa boa)...Éramos uma turma terrível. Espero que alguém do meio de tenha safado =)
Há uns meses fui a um jantar desses com antigos colegas, com pessoas que nalguns casos não via há quase 15 anos, e adorei: às tantas, já nos tínhamos esquecido que não nos víamos há tanto tempo e dávamos por nós a falar de cenas daquela altura como se tivessem a semana passada. Mas, lá está, cada caso é um caso e às vezes a pessoa pode ir a jantar desses e achar que não tem nada a ver com aquilo.
Pois, o receio é mesmo o de achar que não tenho nada a ver com aquilo e com aquelas pessoas....
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