E o jantar de turma lá aconteceu, num restaurante lisboeta onde predomina o bife e a imperial. Acabei por chegar mais tarde, juntamente com uma amiga que se constitui como o único contacto que mantive quando acabei o secundário. Nenhuma de nós estava com muita vontade mas já tínhamos dito que íamos portanto lá aparecemos.
Quando chegámos já todos estavam sentados, numa mesa bastante grande e que albergava mais pessoas do que suponha, tendo recaído a maior parte das atenções para nós.
Verifiquei que todos estavam muito parecidos, praticamente iguais. Claro que mais velhos, maduros, já com algumas rugas a vincar o rosto, mas a imagem que tinha daquelas pessoas manteve-se. As expressões e os risos eram os mesmos de sempre e reconhecíveis em qualquer parte do mundo, e isso acalmou-me e fez-me despir o manto de preconceitos que eu própria levava porque afinal o preconceito era meu, não deles.
E sim, existiam médicos, enfermeiros, biólogos, investigadores, psicólogos, matemáticos, arquitectos, veterinários, professores, mas também desempregados, assistentes de loja ou quem estivesse a acabar cadeiras na faculdade. As conversas pautaram-se pelos percursos profissionais actuais e pela recordação dos tempos de escola. E foi incrível recordar episódios marcantes vivenciados com todos eles, com aquelas pessoas que apesar da carreira ou da vida que têm agora, na altura não eram mais que um conjunto de miúdos inseguros. Ou ver numa mistura de nostalgia e vergonha as fotografias da altura que alguém levou, ouvindo-se dizer "Xi, eu adorava este casaco!!" ou "Ainda tenho esta camisa!"
E havia mesmo quem se lembrasse do nome de todas as professoras, das perguntas e respostas que saiam nos testes , das ementas do bar ou do nome dos cães que eram as mascotes da escola.
Mas também ficou bem patente que aquele jantar de turma era apenas um jantar de turma. O tempo que nos separou fez com que a única coisa que ainda nos liga seja exactamente o passado. Além das tradicionais perguntas do "então que estás a fazer" e a recordação de alguns episódios, pouco mais existe que um vácuo.
Mas se calhar é mesmo assim. Por vezes o passado é a única coisa eu existe...
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