quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Origens

E num acesso de egocêntrismo exarcebado decidi procurar a origem do sobrenome "Araújo". O que achei:





"A origem da família não é bem conhecida, atribuindo-se-lhes diversas: Aças, Maias, o francês Jean Tiranoth, etc.
O primeiro deste apelido parece ter sido Rodrigo Anes de Araújo, que teve o senhorio do castelo de Araújo, na Galiza, donde tomou o nome. Pretendem alguns genealogistas que viveram com seu pai nas gralheiras de Araújo, cujas terras herdara de sua mãe, e que fora o fundador do castelo.
De Rodrigo Anes de Araújo descendem os Araújos da Galiza, onde foram senhores de muitos lugares. Dele foi neto o primeiro que passou a Portugal, Vasco Rodrigues de Araújo, de quem descendem os deste apelido, inicalmente radicados no Minho."

Brasão:

Ou seja, tenho origens galegas. Não é nada chique! Olé!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

It's a little cat!


Até eles tiveram direito! O Pépe e a Zara receberam como prendinha de Natal da *avó* um novo arranhador que, diga-se, serve para tudo menos dar uso às unhas...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sinergias

No presente revejo os contornos de um passado latente, pedindo-me para mudar a história que já tinha escrito.

Avança!

Muda!

Esta é a tua oportunidade!

Porque na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Porque a vida, na sua teia sábia de Karmas e energias, nos dá sempre a oportunidade de mudarmos e reescrevermos a nossa própria narrativa.

Algumas prendinhas



Ainda com direito às tradicionais toalhas e lençóis, um livro de cozinha, uma mala de viagem, material para pintura, um pijama (tão bom que já saltou um botão), meias, um chapéu, um perfume corporal e as míticas cuequinhas azuis horrorosas que a minha mãe me dá todos os anos para estrear no 1 dia do novo ano...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natalinho

Finalmente as prendas de Natal estão todas compradas e embrulhadas!

Este ano tive a inovação de o Pépe querer comer a fita cola, o que até é considerado uma evolução se tiver em conta que normalmente me amassa o papel todo e rouba as fitas dos embrulhos.

Amanhã é dia de jantar em família, com os sobrinhos a gritarem e a correrem pela casa, com o meu pai a fazer de Pai Natal mas a manter a roupa do costume, enquanto os miúdos olham com a desconfiança e incredulidade de quem conhece aquela figura de algum lado (porque será??!!), do tradicional bacalhau e da mesa cheia de doces que chegam a enjoar e que nos fazem acordar no dia seguinte enjoadíssimos de fritos e açúcar. E depois existem as prendas inexplicáveis que a família por vezes nos dá (este ano conto com mais um pijaminha da feira), da nostalgia e tristeza pelos que já partiram, dos filmes entediantes que dão na tv e da minha irmã constipada a gastar todos os lençoes e guardanapos existentes.

Uau!

Pieguices

E apesar de todas as cicatrizes e processos dolorosos, de todos os traumas e descrenças, continuo a acreditar na fidelidade e nas relações para toda a vida, nos cavalos brancos e nas princesas, nas lareiras aconchegantes e nas cartas românticas, nos reencontros e nos beijos dramáticos debaixo das gotículas de chuva, na cumplicidade e na compreensão, em falar sem proferir um som, na junção de almas, em caminhos paralelos e infinitos, no nascer e pôr do sol na praia, numa vida partilhada.

Eu sei que sou ingénua, mas apesar de tudo continuo a acreditar no amor.
E isso reconforta-me.
E isso dá-me esperança.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sombras

Fecho os olhos e as sombras negras invadem-me os sonhos. Imagens difusas e desfocadas, risos maquiavélicos que ecoam infinitamente no espaço vazio, frio, desprovido de sentido. Abro os olhos, tento pensar em situações alegres, mas as mesmas imagens, as mesmas gargalhadas demoníacas, os mesmos espaços povoam o meu espírito e infiltram-se na minha alma, envenenando-a.
Rostos, muitos rostos rudes, aproximam-se de mim. Os corpos pesados e intimidadores aproximam-se, com gestos ameaçadores, dizendo-me como que "és nossa! Não tens salvação!"

Tento gritar mas o som não sai.
Tento fugir, mas não tenho escapatória.

Eles aproximam-se. O mesmo som, as mesmas gargalhadas sempre persistentes cada vez mais próximas.
Até me sufocarem.
Até enloquecer ou deixar de existir.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Xiça Penico!

Acabei de fazer uma listagem provisória dos gastos com as prendas de Natal.

Resultado: Princípio de enfarte do miocárdio.

Isto está bonito....

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"Desfazer-me da roupa que não uso"

Ontem cheguei a casa com a sensação de que precisava de fazer algo por mim. E decidi fazer algo que estava para fazer há muito tempo: seleccionar a roupa. A verdade é que o meu roupeiro parecia a feira de carcavelos em época de saldos e tinha nos armários roupa acumulada há décadas, coisas que não visto nem que me pagassem, peças que foram ficando esquecidas indefinidamente há espera de melhores dias. Percebi que tenho tendência para acumular tralha em geral, como se me pudessem ser úteis em qualquer fase da vida, ou talvez uma certa dificuldade em me desprender das coisas. E é engraçado porque há uns meses disseram-me, com base na minha carta astral, que efectivamente tinha dificuldade em me desprender, em deixar as situações e as pessoas partirem.

Descobri coisas horriveis, já antigas, que não sei como foi possível usar. De outras tive pena de as deixar partir, mas se raramente (para não dizer nunca) as uso, não faz sentido ficarem acumuladas. Depois existia a roupa que fui deixando de usar por me estar apertada ou larga, por já não me fazer sentido ou não me identificar com ela.

O resultado foram 4 sacões enormes cheios de roupa e uma leveza muito boa. A sensação de renovação, de corte com o passado e uma pequena projecção no futuro.

Ah, e é mais uma coisa da listinha que fica feita...

Natalinho

E começou o degredo das compras de Natal. Pouco tempo para muitas prendas, já para não falar do rombo financeiro que esta época acarreta. Todos os anos digo a mim própria que vou gastar pouco dinheiro, dar prendas simbólicas apenas às pessoas chegadas, mas todos os anos percebo que isso é uma falácia. Engano-me a mim própria, é o que é....

Eu gosto desta época, a sério que gosto. Mas também gostava de ter jeito para fazer a árvore de Natal, como a minha mãe faz. As minhas ficam sempre apimbalhadas, nunca sei se a fita deve ir para cima ou para o lado ou se as luzes estão bem colocadas.

Embrulhar prendas é o caos. O papel fica sempre mal recortado, tudo torto e colado de forma duvidosa, enquanto tenho um gato a tentar esconder-se debaixo das folhas de papel e outro a brincar com as fitas coloridas que são o máximo para eles. Volta e meia irrito-me e lá sai o Pépe com uma etiqueta de preço colada na cabeça, enquanto me faz um ar surpreendido e indignado.

Arrumar as prendas é outra soda, porque o Sr. Pépe e a Dona Zara metem o focinho em saco alheio e amassam tudo, roem os plásticos, rasgam as fitas. Tenho de esconder os sacos com as prendas em algum lado, mas o raio do gato deve ter sido gatuno noutra vida e sabe-me abrir portas, o que faz com que muito poucos lugares lhe sejam inacessíveis.

Enfim, começou a festa!


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Parabéns a você...


Esta é para um grande amigo, que me ganhou o desafio de chegar primeiro aos 30. Eis um desafio que perco com todo o gosto....

PARABÉNS!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Escapadinha a Madrid

E o fim-de-semana prolongado fez-se numa escapadinha a Madrid. Algumas horas de viagem num trajecto replecto de planícies e quietude que se vinca no corpo.

Com direito ao fantástico Museu do Prado e ao Rainha Sofia, com direito a obras de Caravaggio, Bosh (que os espanhóis designam de "El Bosque"), Picasso e Dali! "O Anjo caído" no Parque do Retiro, a Gran Via repleta de gente, a Plaza Mayor com a feira de presépios e a Plaza del Sol repleta de vida serviram para encher de luz um fim de semana diferente.

Pequena incursão por Toledo e pequena visita a Elvas, visitar as origens de onde venho e que mal conhecia.

Saudades, muitas saudades, da comida portuguesa! E que bem que soube ontem em Lisboa o arroz de tomate com filetes de linguado!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Blindness

Finalmente fui ver! Não sei porquê imaginava o filme diferente, na sua estrutura e narrativa (ok, ok, culpa minha que não li o livro do Saramago...), talvez mais *Hollywoodesco*.
Acabei por ficar surpreendida pela positiva. A imagem e a cor acabaram por ter um papel importante na arquitectura do filme e na forma como se percepciona e constrói a narrativa. Intenso, brutal, chocante em alguns momentos. Saí perturbada. E isso, para mim, é sempre sinal de um bom filme.

Pelas terras do norte

E o fim de semana no Porto, apesar do tempo horrível, teve visita a Serralves para ver a exposição do Muñoz que acabou por ser uma surpresa bastante agradável.


Quanto tempo terá demorado o fulano a fazer a bonecada toda?

P.S.: A livraria Lello ainda é mais bonita ao vivo...

E esta ein?


Devo mesmo estar a ficar velha. Eu que nunca fui destas coisas ontem comprei um creme para as mãos. Já para não falar do creme anti-rugas que a minha mãe me deu no aniversário e do leite corporal que uso frequentemente.
What's next?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dramas de gaja ensonada

Giro giro é pensar antecipadamente que vou vestir uma camisola castanha (já tudo planeado), pôr o relógio castanho a condizer e chegar à rua e perceber no porquê de achar que havia qualquer coisa de errado com as mangas: afinal vesti uma camisola preta!

É o que dá os sonos e o caneco....

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Definitivamente...

...preciso de férias!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

*Soldadinha*

E esta também já está:




* Jogar Paint Ball





Fui pela primeira vez jogar Paint Ball e que experiência. Eu, que gosto de ganhar, vi-me humilhada logo ao vestir a farda emprestada, com umas calças fantásticas que me caíam pelas pernas abaixo e com um triângulo com padrão camuflado nas "partes baixas". Estava *divinal*, no pingo da moda.


Depois foi distribuído um triângulo de papel branco para pôr na cabeça, que variava entre uma espécie de fralda para a cabeça e um capacete dos que se costumam ver nos filmes em que existem desinfestações e quarentenas. Deste género:



Para terminar foram distribuídas máscaras de protecção com um aspecto de Darth Vader e armas, sendo que a minha estava logo avariada e teve de ser trocada (começava bem, pensava eu). Como resultado fiquei na equipa que perdeu todos os jogos (mas mesmo todos os jogos), fui *baleada* na cabeça várias vezes, nas mãos, pernas e até no pescoço. Atirei-me para cima de umas pedras que me deixaram umas fantásticas nódoas negras, escondi-me para fugir dos tiros da equipa adversárias atrás de uma palete de madeira que quando me encostei caiu, ficando descoberta e tendo sido fuzilada a seguir. Numa reconstrução histórica da II guerra mundial perdi como aliada e perdi como nazi. Andava a agarrar as calças enquanto corria entre as pedras, ia perdendo as munições, a minha arma encravou mais que uma vez. Além da humilhação geral perdi perdi perdi!

Mas foi uma experiência fantástica, sem dúvida para repetir mais tarde, com um espírito leve e descontraído e muitas gargalhadas à mistura.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Que é feito?

Ontem, após um jantar animado, surgiu a questão: que é feito da Lara Li?!

Não chegámos a conclusão nenhuma mas hoje descobri que a Lara Li é, segundo o Wikipedia, Ilidia Maria Pires de Amendoeira.

Com este nome percebe-se porque escolheu um nome artístico...

sábado, 15 de novembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 7

23 de Agosto: Pádron - Santiago de Compostella

Finalmente em Santiago! Depois de 22 Km de dor e cansaço chegámos ao nosso objectivo. O trajecto não era tão difícil como me lembrava. Uma das diferenças para o ano passado é exactamente a memória: muito do que guardei na minha cabeça vivi-o de forma diferente este ano. E isso faz-me pensar que mesmo que determinados troços do caminho sejam semelhantes, a forma como os experienciamos é diferente, única.

Retomo a teoria de que para Deus entrar em nós é necessário criar espaço para Ele, e avida também é assim: para vivermos situações novas temos que deixar espaço parea que isso aconteça, temos que estar receptivos.

Também percebi que continuo extremamente impaciente e que, apesar dos meus esforços, não melhorei enquanto pessoa. Continuo a ser intolerante, impaciente, o que denota que o meu trabalho apenas agora começou.


Ao chegar à catedral não senti o júbilo ou emoção do ano passado, mas uma espécie de raiva contida, um "consegui! terminei o meu ciclo de penitência! E que venha uma nova etapa...."
Hoje senti muito isso, que fechei uma etapa e vou começar outra. Se calhare na prática tal até pode não acontecer, mas é isso que sinto e o simbolismo que tem para mim.
Aguardo com ansiedade o que me espera e esta nova etapa, com vontade de voltar a viver, de apreciar e aproveitar o que a vida me dá.

Após ladear a catedral sentei-me num dos bancos. Olhei à volta, fechei os olhos, senti a catedral e pedi protecção, paz e felicidade para todos os que me são queridos. Agradeci ter chegado bem, o apoio, a protecção. E reforcei esse pedido para mim.
E na minha conversa com Deus e com o Universo senti-me apaziguada, tranquila...em casa!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Police Academy

Estava aqui no trabalho a falar com o meu colega de gabinete e referia que já não conseguia ouvir Brandie Carlile, que não havia pachorra, que estava enjoadíssima. E ele respondeu: "pois, toda esganiçada a cantar! Parece aquele maluco da academia de polícias". Ora...academia de polícias?? Pois é, o clássico de comédia da década de 80 que via e revia vezes sem conta. Decidi procurar no youtube, e aqui fica uma pequena recordação do Zed, da academia de polícia:

Let's go shopping

E ontem foi dia de hipermercado! Yeah!


Lá fui eu com a minha listinha manhosa num post-it, que colei ao carrinho de compras. Mal entrei perdi-me a ver os brinquedos e livros, pensando já nas prendas de Natal que vou oferecer. Ainda comprei algumas coisinhas, mas pouco. Já percebi que este ano vai ser o degredo com as compras de Natal, que ainda por cima é ano de crise. Isto foi até ter olhado para o relógio e ter percebido que era tardíssimo e tinha que me despachar, que tinha dois gatos para alimentar à minha espera em casa...

E lá comecei na rotina de compras do costume: nos queijos frescos, nos sacos do lixo reforçados (que os gatos gostam de roer à socapa), na fruta que me incute o desejo de ter uma alimentação melhor mas que depois nunca como, etc.

A correr com o carrinho atolado de compras dirigi-me para a caixa, onde assisti à mulher que estava à minha frente a partir os iogurtes porque a porcaria dos sacos de plástico do hipermercado cujo nome não vou referir (Feira Nova) se rasgam todos. Ficou a mulher com as asas do saco na mão e aquela porcaria toda escaqueirada no chão, enquanto ela pronunciava com um ar surpreendido "ah....mas de onde saiu este iogurte...." Dahh!! E pronto, lá vem a assistência, a Sra. da limpeza que achava que tinha que passar com o carrinho com o balde e a esfregona entre as caixas, apesar de não caber, era eu a calcar os vidros...enfim...um show! Larguei um dinheirão no supermercado e lá fui para casa, fazer de estivadora a carregar a tralha toda pelos lances de escadas acima. Abro a porta e começamos com as rotinas habituais: eu com os sacos todos a rasgarem-se e a deixar cair coisas, enquanto tento enxutar o Pépe que aproveita para quadrilhar e tentar pirar-se de casa. Enquanto arrumo umas coisas, ele enfia a cabeça nos sacos e vai atacando os croissants (ainda não percebi a obsessão deste gato por croissants) e roendo plásticos. Ontem ainda tive a inovação de, enquanto descobria que tinha gasto dinheiro a comprar os tampões errados, ouvir um barulho estranho na casa de banho e perceber que o Sr. Pépe e a Dona Zara andavam a brincar com a nova esponja para o banho que tinha comprado. Lá estava ela, toda amarfanhada no chão... e também descobri que a lixa em forma de esponja (sim, isso, uma lixa! Que eu sou uma gaja prendada...) já estava toda roída e ratada no hall de entrada. A lixa por acaso deixou-me lixada, que é uma M****, mas pronto...



E estou a perceber agora que devia ter comprado um cremezinho para as mãos...

Curto esta onda! Yo!

Começar bem o dia

Mamãe disse para mim logo de manhã:
-"Ai esse perfume cheira bem!!"
-" Esse casaco fica-te bem! Dá um ar feminino!"

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O leite lá em casa está a acabar...

...o que quer dizer o quê?

Que é dia de comprinhas no hipermercado!!!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sinto uma certa sensação de Déja Vu...

Esta também já está!

"Correr à noite"

(Já só faltam 72 coisas....)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Boring!!

Ai que falta de pachorra para estar a trabalhar!
Isto estava-se bem era num Centro Comercial a derreter dinheiro (inexistente) em tempo de crise. Só para sonhar um bocadinho....

Descobertas gastronómicas

Não sei se é ignorância minha, mas descobri que queijo com marmelada é bom!

Esta já está!

Esta é para riscar da lista de coisas a fazer...

"Comprar flores, para oferecer ou ter em casa, só porque apetece."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Estou a ficar preocupada

E este fim de semana perdi a jogar Ping-Pong.

As minhas derrotas desportivas estão a começar a ficar recorrentes...

Experiências


E sexta foi dia de concerto no Campo Pequeno: Nouvelle Vague. E foi delicioso!! Com um dinamismo impressionante a banda, sobretudo as duas vocalistas, deram um espectáculo fantástico que levou ao rubro a plateia.
Experiência a repetir, certamente!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Objectivos

Há um tempo atrás vi num blog "101 coisas em 1001 dias". Achei a ideia interessante, e fez-me lembrar uma altura menos positiva da minha vida em que senti necessidade de fazer uma listinha que me permitisse organizar a cabeça e definir prioridades.
Quando cheguei a casa decidi fazer a minha própria lista, retirando no entanto os "101" itens e os "1001" dias. Não quis impôr limites, embora considera que seja importante como forma de concretização, de meta. Também me lembrei do filme "Nunca é tarde demais", em que os dois protagonistas principais, com doenças terminais, elaboram um conjunto de tarefas que querem executar antes de falecerem. Mas sendo filme algumas dessas tarefas eram *ambiciosas* (Conduzir carros de competição, saltar de para-quedas, etc.). Pensei que o meu objectivo era definir situações ou coisas pequenas (quase banais, algumas estúpidas), que me façam sentir bem mas que possa concretizar.
Até agora a lista tem 74 itens, com tendência a crescer. Ficam aqui alguns:

* Fazer modelismo estástico
* Desenhar um quadro ou poster que possa pendurar, com temas de Banda Desenhada
* Desfazer-me da roupa que não uso
* Mudar de casa
* Jogar basket com regularidade
* Oganizar jantar para amigos
* Organizar serões de jogos
* Jogar Paint Ball
* Fazer um fim de semana romântico de surpresa
* Tomar banho de imersão sem gatos, com velas, música e vinho a acompanhar
* Voltar ao comboio-fantasma, agora de olhos abertos
* Ler todos os livros que tenho em casa
* Assistir a uma ópera
* Assistir a um ballet clássico
* Fazer um passeio na mata, para apanhar lenha, castanhas...
* Fazer uma declaração de amor em público
* Mudar de penteado
* Emagrecer
* Fazer uma tatuagem
* Fazer caminhadas
* Usar creme anti-rugas todos os dias
* Inscrever-me no centro de saúde e marcar consultas
* Comprar um bikini e usá-lo
* Comprar uns ténis de marca que me fiquem realmente bem
* Comprar chás variados e bebe-los
* Ir à bedeteca
* Ir a um concerto de música clássico com o pai
* Usar agenda
* Ter um livro de receitas útil e que use
* Ter uma colecção de relógios
* Comprar flores, para oferecer ou ter em casa, só porque apetece
* Adoptar um cão que esteja numa associação

Estações

Ser gaja às vezes é uma grande seca. Ou se calhar não é ser gaja, é mesmo esta "mudança de estação" (como diz a minha mãe), em que não está nem frio nem calor, em que a roupa no armário ainda não está organizada ou é preciso renovar o stock.
As minhas manhãs têm sido um martírio cada vez que abro o roupeiro para ver o que vou vestir. Com o meu pijama cheio de nuvenzinhos e patinhos fico ali especada, esperando uma iluminação divina (ou até um dos gatos saltar para dentro do armário...). Às vezes ainda pergunto: "Pépe, que é que vou vestir?", mas ele só responde "renhaunhau" umas vezes com ar surpreendido, outras com ar indignado, e eu fico na mesma.

Quem é que foi o *génio* que inventou este tempo?? Deve ter sido o mesmo que inventou o período...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sentimentos

Navego no mar verde dos teus olhos procurando tranquilidade.
Proteges-me dos meus demónios apenas com um gesto que se transforma num toque de alma.
A tua voz embala-me suavemente fazendo-me repousar de forma serena junto a ti. E nesses momentos sou mais além, voando em planícies de luz e paz.

Cuidas de mim?

Memórias

Nos contornos estrangulados da vida deixamos sempre escapar, de forma inesperada, o que quisemos guardar no baú mais recôndito da memória. Pensava ter acondicionado tudo muito bem numa caixa funda de madeira polida, que se foi gastando com o tempo. Tapei-a com um pano e escondia-a entre recordações e situações inúteis, tentando desvalorizar aquilo que ela representava. A chave, essa, atirei-a para o lago do esquecimento para que não fosse possível voltar a abrir o baú.

Mas a madeira gasta-se e apodrece com o tempo, fazendo com que surjam fissuras que se alargam cada vez mais à medida que os dias e anos passam. E nessas fissuras vai-se soltando e fungindo o conteúdo que quisemos esquecer e agora reaparece.

E quando tudo se soltar?
E quando tudo reaparecer?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diabruras

Detesto chegar à máquina do café e calhar-me a mim a limpeza das borras, encher a máquina com água, café e ir buscar os copos!! Até tira a vontade de beber café....

domingo, 2 de novembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 6

22 de Agosto: Caldas de Reys - Pádron




O dia fez-se de forma calma, com um trajecto bonito e piso fácil. Deixámos as termas de Caldas de Reyes por volta das 6:30 e chegámos a Pádron antes das 12:00.

Hoje senti uma sensação muito estranha perto de Carracedo. Depois de termos falado com um idoso chegámos á igreja e estranhei a minha reacção que ainda agora não consigo explicar. Houve algo naquele local que me perturbou, não conseguindo no entanto discernir se era um sentimento bom ou mau. Existia uma espécie de energia, como se já conhecesse o local, mas a sensação deixou-me petrificada, apática, inerte em mim. Ao tentar compreender o que se passava retrocedi até ao ano passado e recordo que nessa altura não parámos na igreja, simplesmente passámos por ela, mas mesmo assim houve algo que me tinha chamado a atenção.

Igreja de Carracedo

Vim grande parte do caminho recolhida na minha inquietude, tentando achar pontos de ligação que me permitissem esclarecer dúvidas latentes.
Voltei também a sentir o peso do caminho como penitência. As dores, o despojamento, para chegarmos até nós e à nossa essência.
A simplicidade e beleza da vida é muitas vezes substituída pela descrença e demérito.
Ao fim de quase uma semana, continuo sem perceber se passou muito ou pouco tempo, mas o tempo é sempre muito relativo e depende sempre da importância que lhe damos e das vivências que decidimos ter.

Chegada a Pádron

Amanhã será o último dia de caminhada. Mais um ciclo que se encerra, espero que outro se inicie. Recebi várias mensagens de incentivo dos amigos. E sei que todos eles me apoiam neste trajecto. Sinto, este ano, também deles um apoio diferente talvez porque me tenha partilhado mais também, pedindo-lhes para entrarem na minha vida e fazerem parte dela. Sinto que este é um aspecto importante que descurei durante muito tempo...talvez seja altura de investir em coisas diferentes, nas coisas que realmente importam. Afinal são eles que estão cá...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Resumos

Ontem lá fui, toda nervosa, para a sessão com a Maria Antónia, sem saber muito bem como me ia safar com a história da filmagem. Entretanto, a caminho do consultório, comecei a pensar que realmente esta história toda não me fazia sentido e achei que devia aplicar o que tenho aprendido nas sessões e dizer-lhe o que achava, de forma clara e honesta.
E lá se substituiram as sessões de filmagens por umas sessões de terapia à base de conversa, que era o que eu estava a precisar!

E a minha psicóloga é a maior! Saí de lá toda renovada, bem disposta e confiante!

A Maria Antónia merece um óscar! (excepto quando vem com a história das filmagens....)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Carago!

Hoje é dia de Maria Antónia!
Lá vou eu remexer nas feridas e falar do que quero e do que não quero, e de me questionar e de ficar com a cabeça em água.
E o pior é que ela ultimamente veio com a *brilhante* ideia (not!) de fazermos umas simulações para treinar a assertividade, com direito a filmagens e tudo. E de quem é a culpa? Minha, pois claro! Oh "MA", se eu quisesse fazer filmagens ia para o mundo da publicidade filmar anúncios ao YOP de chocolate (que é muita bom!!)!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Surpresas

Às vezes um pequeno gesto faz mais que 1000 palavras...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Dúvidas

E quando sentimos que as coisas não fazem sentido??

Que horror!!

Acabei de experimentar uns lenços de papel perfumados que comprei. E que porcaria!! Eu que nem gosto de lenços perfumados, na altura arrisquei comprar estes porque não havia mais marcas e tinha mesmo que ser. Ai mas que bela trampa, estou com o nariz todo lixado, mais irritado ainda além de enjoada com o cheiro.

Mas quem é que inventou esta porcaria?

Let's Look at the trailer

Em pouco tempo vi duas comédias. Ontem o "Destruir depois de ler", comédia negra bem ao estilo dos irmãos Coen, com estrelas de Hollywood no elenco. Existem semelhanças com o vencedor de Óscares "Fargo", onde planos diabólicos de chantagem acabam sempre por correr mal.
No fim de semana, a comédia portuguesa "Balas e bolinhos", um filme sem vedetas e baixo orçamento, feito numa onda meio "somos amigos e vamos filmar umas coisas", e que retrata de uma forma cómica e muito portuguesa, grande parte dos "cadastrolas" que por aí andam (e eu sei do que falo!).


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Extremos

Fim de semana de emoções fortes composto de recordações e nostalgias pungentes e dolorosas mas também de ligações eternas e de caminhos de luz por percorrer.

Estados de Espírito:

Ainda de ressaca com a mudança de horário.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Isto hoje...

...não está nada fácil!

É um daqueles dias que só se safa por ser sexta-feira!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Isto está a correr bem!

Cheguei ao trabalho, e a patilha de suporte do teclado estava partida. Tendo em conta que ontem quando saí deixei tudo em condições só posso partir do princípio que alguém se sentou aqui e partiu esta porra. Ou isso ou a empregada de limpeza. O que eu sei é que ninguém se acusou e é a segunda vez que isto me acontece. Não vejo mais ninguém com problemas nas "patinhas" dos teclados. Será que é só comigo? Será a maldição da patinha do teclado? Bem, estou lixada com isto, pelo menos diziam alguma coisa!

Depois para ajudar a festa, preciso de emitir declarações e não tenho numeros de BI, e desapareceram documentos de avaliação. Que caneco!
Melhor ainda é estar a coordenar um curso de cozinha que não tem espaço para a cozinha e um de informática que deve ter computadores para aí em 2020!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 5

21 de Agosto: Pontevedra-Caldas de Reyes

Quando nos levantámos já várias pessoas se preparavam para sair. Mesmo assim fomos as primeiras a sair e fazermo-nos ao caminho. Como já tinha o conhecimento do ano passado, sabia o que me esperava e, como tal, estava relativamente descontraída uma vez que o terreno não era difícil e a paisagem bonita. E de facto assim foi.
Ao passar por determinados locais lembrei-me do que tinha vivido no ano passado. A montanha onde tirámos as fotos, o café onde o ano passado parámos para comer e este ano, igualmente, repousámos, a recta onde apanhámos chuva sem que nos conseguíssemos abrigar. Todos os locais me trouxeram recordações agradáveis e me fizeram sentir que o caminho que trilhei o ano passado foi especial, mesmo que depois a minha vida tenha mudado. Já nada apagará a magia que foi percorrê-lo, daquela forma, com aquelas pessoas.

Ontem em Pontevedra vi pintado numa parede uma inscrição que me fez pensar e que dizia algo do género: «não se encontra paz no caminho, o caminho é a paz».

Também senti que a peregrinação passa pela dor física para poder chegar à dor da alma, à kuz e descobertas interiores. Cada rocha no caminho cravava-se na minha pele lembrando-me que sou humana mas também que as dores físicas não nos podem impedir de chegarmos onde queremos.

Os dias são compridos e em cada dia revê-se um contorno de vida. Parece que se passou tanto tempo...
A Chiara ontem abandonou-nos. Foi uma sensação estranha, de quebra de laços mas oa mesmo tempo com a consciência de que cada um percorre o seu próprio caminho. Será que ela ficou bem? Será que está bem? E apesar de não saber as respostas a tais perguntas sinto-me apaziguada. Sinto que talvez esteja mais preparada para deixar as pessoas partir, porque oi mais importante é o que se vive enquanto as pessoas estão do nosso lado e que mesmo após a partida há sentimentos bons que permanecem, memórias, aprendizagens...

Chegámos a Caldas de Reyes com a ideia de ficarmos no mosteiro com as freiras, onde tinha pernoitado no ano transacto. No entanto, quando lá chegámos, não era possível aceitarem peregrinos, pelo que tivemos de procurar um hotel para dormir. Gastámos mais, mas tivemos algo não sentíamos há vários dias: poder dormir numa cama confortável, com privacidade, e um banho longo e renovador.


Decidimos dar uma volta pela cidade para descontrair e aquecermos os pés nas termas. Meio a coxear lá fomos nós. Esperámos a nossa vez e colocámos os pés na água que fervilhava, primeiro a medo, e depois com deleite. Reláxamos, rimos, até aparecer um casal de meia idade que se abeirou do local onde estávamos.

O homem começa a encher a garrafa e a beber a água, enquanto vejo a mulher a aproximar-se e descalçar-se, apoiando-se nas extremidades da fonte. Penso para mim:«isto está cheio de lodo, não vai dar bom resultado...». Mas acabo de pensar isto a mulher escorrega e estatela-se dentro da fonte, enquanto grita por causa da água a ferver. De cada vez que se tentava levantar escorregava ainda mais e, consequentemente, mais gritava. A S. ficou sentada no mesmo sítio sem reacção, enquanto o homem, de pé e de garrafa na mão, bebericava água e perguntava: «então? caíste querida?» (isto enquanto a mulher gritava e esperneava, qual filme de terro). Tentei ajudar a mulher, que enquanto esbracejava me molhava toda e lá a consegui puxar para fora da terma, com a S. calmamente sentada a observar a cena e o homem de pé completamente estático. A mulher, mal saiu da fonte começou a gritar com o homem e palpita-me que alguém dormiu no sofá aquela noite. Eu fiquei com as calças todas encharcadas o que me fez regressar ao hotel para as tentar secar.

Expressões...

...do norte que tenho aprendido ou ouvido:

* Zebaidice
* Ceira
* Aloquete
* Pencas
* Jericó
* Picheleiro (adoro esta!)
* Entulheira
* Degredo
* Trenga
* Morcão
* Tripas quentinhas (bleck, ia-me vomitando)
* Cilindro
* Marufas

E passadas décadas a gozar com o a designação de "Castelo do Queijo" (que nome ridículo...), acabo por lá ir e ainda por cima gostei! Já não se pode gozar com nada nesta vida...

(Des)arrumações

Sempre fui organizadinha, de saber onde arrumava as coisas, dividi-las por caixinhas ou feitios, mas também sem cair em exageros. Simplesmente fazia-me sentir que existia uma ordem nas coisas.

Agora tenho a secretária cheia de papeladas, ontem passei um desespero à procura dos bilhetes para um concerto e não achei os livros de dinâmicas de grupo.

Ando a perder qualidades com a idade!

As aparências enganam

Em conversa com um amigo, ele diz-me "Pois, andas com uma vida social muito intensa! Estás sempre ocupada!".

E eu, como leoa que sou, "ah pois e tal, sabes como é..." e pensei que era melhor não lhe contar que aí há uns dias adormeci no sofá, a seguir ao jantar, a ver o Ratatui na companhia dos gatos...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Freira cumpre um mês de prisão por não pagar bilhete de autocarro

"Uma religiosa do Porto foi condenada a um mês de prisão por não ter pago o bilhete de autocarro e ter recusado pagar uma multa de 50 euros que o juíz lhe aplicou como alternativa a ir para a cadeia um mês, escreve hoje o 24 horas.
Maria Amélia Gomes, a freira, diz não ter dinheiro para pagar a multa e preferiu a cadeia, onde já cumpre pena há uma semana. Está em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos.
A freira percorre os bairros problemáticos do Porto, tendo já por diversas vezes sido agredida por traficantes de droga que a acusam de ser informadora da polícia. Segundo o 24 horas, quem a conhece diz que não tem quaisquer posses, pois dá tudo o que tem.
A freira acaba por estar quase 'em casa', já que a prisão de Santa Cruz do Bispo fica num terreno que no passado pertencia ao Paço Episcopal e era local de férias para o bispo do Porto."
in "Sol"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Giro, giro...

...é estar a tomar banho, ouvir um barulho estranho, espreitar entre as cortinas e a espuma e constatar que o Pépe tinha aberto o armário e andava todo contente a brincar com tampões!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Fomecas

Ai, de repente deu-me uma vontade de comer bolo de bolacha!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Estados de Espírito


Faz parte ser um pouco perdido
Faz parte começar outra vez
Faz parte ir atrás dos sentidos
E voar a sentir o mundo na ponta dos pés
(Mafalda Veiga - Faz Parte)

Recantos


Em mais um troço de vida, caminho agora em direcção às profundezas do Eu, com passos leves mas segura e mais madura.
Tenho o privilégio de ter quem caminhe a meu lado.

Actividades culturais

Mais uma peça assistida no Teatro Estúdio Mário Viegas, no Chiado, desta vez as "Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos". Confesso que estou a ficar fã desta companhia de teatro, com actores fantásticos e uma boa disposição e capacidade de improviso fora do normal. O modo como conseguem captar o público e pô-lo a participar é fenomenal, tornando o ambiente íntimo e envolvente.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Intimidades

O dia começou bem.... a corda do estendal rebentou e a roupa ficou pendurada no estendal da vizinha de baixo. É que podiam ter caído as camisas ou até a colcha, mas não...tinham que ser as cuecas, ainda por cima com bonecos. Sinto-me inibida, invadida na minha privacidade. Foi fantástico tocar à campainha da vizinha às 8:00, tentar explicar a situação com ar envergonhado, e de repente vê-la chegar com uma corda rebentada com cuecas do Mickey e do Cocas penduradas enquanto esboçava um sorriso trocista na cara.

Já vi que o dia vai ser fantástico....

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Elogios

Disseram-me que eu era "mimosa".

Nunca me tinham dito tal coisa....

Shopping

Quando começa a faltar papel higiénico e leite lá em casa sei que é altura de ir às compras. Mesmo que não falte mais nada, faltando isso é como se uma sirene vermelha acendesse na minha cabeça, não parando de guinchar até me resignar e ter de conduzir o carrinho pelos corredores atulados de gente e produtos que ninguém consome. Por isso ontem lá fui, no ritual de comprar porcarias que não servem para nada a não ser gastar dinheiro.
Colei o post-it com a lista manhosa no carrinho de compras (esta aprendi há pouco tempo) e parecia que estava na recta do picanço, na ponte Vasco da Gama, a ultrapassar os outros. Até chegar aos bolos, claro.... essa foi a primeira paragem, mas muitas mais se seguiram: para constatar que o jogo de tabuleiro "Risco" continua caro como o caraças, que os lençóis disponíveis eram todos horrorosos, que não existiam panos da loiça que não tivessem cãezinhos e bonecadas infantis, que a Coca-Cola só existe em garrafas de 1lt ou 2lt (as garrafas de 1.5lt desapareceram) ou quando um casal de velhotes me roubou o carrinho.
Mais um dilema existencial entre os pensos higiénicos e tampões e depois novamente nas bolachas que acabei por não comprar, e nos gelados.
As minhas compras decorrem sempre assim, na tentativa frustrada de comprar coisas interessantes (seja lá o que isso for), de chegar à caixa e pagar um balúrdio, para depois chegar a casa e perceber que me esqueci de comprar algumas coisas ou que comprei outras que não precisava.
Ainda tive tempo de quase andar à pancada quando tentava estacionar o carro lá na rua porque me queriam roubar o lugar. E é uma questão de sobrevivência! Vivo no 2º andar, e carregar sacos e sacos de compras pelas escadas acima, enquanto o carro está mal estacionado (e a impedir o trânsito todo) não é nada agradável. Por isso quando se arranjar uma nesga de espaço, perto da porta para estacionar, pelo menos faço de estivadora com mais calma.
Depois de carregar tudo para cima, tenho de passar pelo processo de tirar os gatos de dentro dos sacos onde se enfiaram para cuscarem o que lá está enquanto tentam comer os bolos e o fiambre. Enquanto arrumava coisas no frigorífico, já estava o Pépe a roer o plástico da massa quebrada para a quiche!

E isto tudo para me esquecer dos fósforos, do gel e dos limões...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Fluidez


Doze, o número de apóstolos e de signos do zodíaco.
Doze, o número de meses do ano.

Sempre soube que teria de percorrer um ciclo doloroso que teria a duração de um ano. E que apesar de todas as feridas abertas e da dor pungente iria crescer enquanto pessoa e enquanto mulher. Amadureci, resignei-me e as minhas feridas começaram a fechar, tornando-se em cicatrizes de alma.

E Cronos, no seu tic tac divino, iniciou-me num novo ciclo de vida e de alma.

E depois não vale a pena complicar, porque como me disse a minha colega Elsa quando acabámos a faculdade "não fiques triste, porque o fim de alguma coisa representa sempre o início de outra".

sábado, 4 de outubro de 2008

Ídolos

E ontem, na Fnac do Colombo, foi possível assistir a um mini concerto da Mafalda Veiga, para apresentação do novo albúm.
E ainda tive direito a autógrafo (na capa deste cd) e a estar bem perto dela que se revelou muito simpática e acessível.
Uma experiência inesquecível!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 4

Dia 20 de Agosto: Redondela - Pontevedra

Antes de iniciarmos a caminhada estava com algum receio deste dia, devido ao que tinha passado no ano transacto, não só por ser um dos percursos mais duros fisicamente, mas também pela carga emocional que lhe estava associada. E foi exactamente essa carga emocional que se abateu sobre mim, levando-me a pensar no passado e a ficar mais nostálgica.
A primeira parte do caminho era bonita e não era especialmente dificil. Em alguns locais via-se o mar e uma paisagem agradável, o que atenuava o que ainda nos esperava.

Passando a PonteSampayo
A partir de certa altura o terreno era extremamente duro, o que fez com que a passada se desenrolasse com dificuldade, o que aliado às dores que já tinha não fez com que o dia fosse leve.
Ao longo do caminho passei pelos locais onde já tinha passado no ano anterior e lembrava-me desses instantes e dos companheiros de viagem, o que me trazia recordações agradáveis. Mas neste dia não, foi diferente. Associei toda a carga negativa que representou este troço do percurso para mim, e o peso emocional que carreguei durante mais de um ano.
E ao passar pelos locais que recordava deixei que uma frase me pautasse o espírito: "a mesma história não se repete de forma igual 2 vezes". E ao passar pelos locais que reconhecia sentia uma vontade enorme de largar o passado, de o sentir longe e resolvido. E senti-me bem com isso.

Percurso na serra


Este dia foi também um dia de despedidas, uma vez que a Chiara decidiu seguir em frente, deixando-nos em Pontevedra. A vida também é assim, feita de pessoas que nos acompanham enquanto tal fizer sentido mas que depois partem, seguindo o seu próprio caminho, que deixou de estar ligado ao nosso. Com o resto dos peregrinos sentados no chão a aguardar que o albergue de Pontevedra abrisse, eu e a Chiara olhámo-nos nos olhos e abraçámo-nos, enquanto íamos falando, ela em Italiano, eu em Português, deixando mais uma vez que a linguagem universal dos afectos e das emoções fluisse. Sabíamos que o nosso percurso conjunto tinha terminado ali e nunca mais nos veríamos, mas já fazíamos parte do percurso de alma uma da outra. Vi a Chiara ir embora, sem olhar para trás, e deixei que o sentimento de tristeza mas resignação me invadisse. Isolei-me, na companhia de um canivete e do meu cajado...

A variável "tempo" e "ciclo" tomaram um peso muito grande. Neste dia dei comigo a pensar nos amigos e na simplicidade das vivências. Recebi mensagens de apoio e foi tão, mas tão importante, sentir que existe alguém que se preocupa, que se lembra, e sentir que faço parte desse mundo e das vivências de alguém. É como se tivesse um dos bens mais preciosos, a Amizade, e nunca a tivesse valorizado devidamente.

Percebi que apesar de um ciclo mais negro que passeio, até nem tenho uma vida má, fui abençoada. E apesar de todos os receios e do caminho que ainda tinha que percorrer, senti-me mais apaziguada, equilibrada, deixando a vida fluir naturalmente.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TPC's

"Os lábios da Sabedoria estão fechados,
exceto para os ouvidos do Entendimento.
Oh ! não deixeis apagar a chama !
Mantida de século em século
Nesta escura caverna, neste Templo sagrado !
Sustentada por puros ministros do amor !
Não deixeis apagar esta divina chama !
Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir,
então vêm os lábios para os preencher com a Sabedoria.
Em qualquer lugar que estejam os vestígios do Mestre,
se abrirão completamente os ouvidos
daquele que estiver preparado para receber seus Ensinamentos."

Bichezas

Continuando a saga felina, mais um episódio típico lá de casa:


terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cheers!

Enquanto tomava banho ouvi que hoje faz 26 anos que estreou, pela primeira vez, a série "Cheers". Fiquei nostálgica.... e preocupada!!! Já passaram 26 anos??? Jesus!! Ainda me lembro de ser uma pirralha e ter de não poder ver o Cheers porque dava "muito tarde" e tinha que me levantar cedo porque no dia seguinte tinha escola (e mesmo assim ia vendo à socapa...)

Reflexões

Ontem conversava com um amigo sobre a inteligência emocional e sobre relações.
Falámos da pressão que existe nas relações quer seja uma pressão social (ter de casar, ter filhos, um comportamento socialmente aceitável...), quer seja uma pressão oculta e incutida ao longos dos anos (ter uma casa fantástica, o carro, ganhar para as despesas, etc.). A certa altura o H. referiu que não existe diálogo nos casais, que falamos com os amigos de forma diferente do que com a pessoa com que namoramos, quer na forma, quer no conteúdo.

Será verdade?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Déja Vu?

Há aqui qualquer coisa de familiar....


Descobertas de Fim de Semana

Sexta feira o concurso ganho no cotonete levou-me ao Music Box Lisboa para ouvir Nadine Khouri. Uma surpresa muito agradável.
Ontem foi noite de cinema, com o "Bem vindo ao Norte".


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mad Woman!

O local onde trabalho tem requintes de excentricidade, quer nas pessoas que aqui labutam, quer pelo contexto em si. A última delas foi a aquisição de uma colega para a contabilidade que está cá sensivelmente há um mês. Neste tempo vi-a duas vezes: uma em que eu estava a sair para serviço externo e ela a chegar, e outra quando fui buscar café. Convém referir que as instalações são extremamente pequenas e não nos cruzarmos com alguém aqui é que é difícil. Mas decidi não ligar muito, que eu também sou menina para estar metida no meu gabinete e não na vida dos outros. Mas já tinha ouvido alguns comentários de que ela era um pouco "estranha", que queria plantar alfaces nos terrenos circundantes e tinha a mania da perseguição. Pensei "bom, é mais uma doida para trabalhar aqui que tendo em conta o que fazemos até dá jeito".

Afinal parece que a coisa é mesmo séria e ronda o distúrbio psicológico. Tem um discurso que ronda a mania da perseguição, de que todos lhe querem fazer mal, que existem informadores do SIS em todo o lado, incluindo transportes públicos, que ninguém está seguro. Anda com um saco de ginástica que ninguém sabe o que tem lá dentro, almoça de pé e come sempre sandes com um conteúdo imperceptível, para ir ao wc nunca passa pelo corredor onde está o meu gabinete, que é o caminho mais curto.

Parece que hoje as coisas foram mais longe. Depois de no parque de estacionamento quase ter gritado ao motorista da instituição que trabalha ao lado da nossa (e que se encontra sempre sossegado ao pé de uma das viaturas) "Chegue-se para lá!!!! Não me toque!!!", chegou ao trabalho e decidiu que se ia demitir. Para isso, seguiu o director até ao wc para falar com ele. Os motivos para a demissão? Bom, ninguém sabe ao certo, mas diz que não consegue trabalhar aqui porque a andamos todos a perseguir.
Xiça! Isto é que é maluqueira! Claramente estamos a falar de uma doença que necessita de ser curada. Será que estas pessoas conseguem viver uma vida normal?

P.S.: O tal motorista apareceu veio até ao nosso trabalho para nos avisar que anda uma mulher louca a rondar as instalações, para termos cuidado! Tivemos de lhe explicar que a louca afinal trabalhava aqui...

sábado, 20 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 3

Dia 19 de Agosto: Porriño-Redondela

O dia começou cedo, ainda o sol não tinha aparecido e o frio da madrugada arrefecia-nos o espírito. Quando saímos do albergue demorámos algum tempo até achar o caminho correcto, o que nos desmoralizou um pouco, juntamente com as mazelas que trazíamos de véspera. Eu sabia que existiam troços de caminho que não seriam fáceis mas o dia em si não seria dos mais complicados. Contudo para a C. a história foi bem diferente, uma vez que tinha os pés numa desgraça de bolhas e ligaduras. Enquanto caminhávamos na nacional, com camiões que aumentavam o frio, barulho e angústia do espírito, tivemos de fazer uma primeira paragem, mesmo na berma, para que a C. colocasse novas ligaduras. Percebi nesse instante que a penitência dela estava a começar.

Paragem à berma da estrada, para cuidar dos pés.

Quanto a mim apareceram as primeiras bolhas e as dores musculares aumentaram o que me fez recear pelos dias vindouros.
Dei comigo a pensar numa frase que li antes de encetar a viagem e que dizia que se queremos que Deus entre no nosso coração, então temos de deixar espaço para que ele o ocupe. E isso aplica-se a todas as situações da vida: se queremos que algo aconteça e faça parte de nós, então temos de estar receptivos a essa entrada, mudança.
A subida íngreme perto do albergue de Mós fez algumas mossas a nível muscular: aquele troço continuava a ser tão horrivel quanto me lembrava. Sentei-me no chão à espera da S. e da C., que tinham ficado para trás. Nesta altura já me estava a borrifar para o sítio onde me sentava, qualquer berma de estrada servia, mesmo com carros a passar bastante perto. Lembrei-me de ter feito aquele troço no ano transacto em condições bem piores e de ter conseguido e isso deu-me algum alento.

A passada foi feita de forma lenta. A C. teve de aplicar mais pensos e ligaduras, e quer eu quer a S. olhámos para os pés dela com bastante preocupação. Por esta altura também a S. começava a sentir maiores dificuldades nas descidas devido aos problemas num dos joelhos. Emprestei o meu bastão à C., de forma a ter mais um ponto de apoio e fazer menos esforço e, consequentemente, tentar apaziguar as dores.
Mesmo assim fomos das primeiras a chegar ao albergue de Redondela, que ainda se encontrava fechado. Tomámos banho, tratámos dos pés e eu e a S. decidimos dar uma volta. A C. decidiu não sair, estava bastante em baixo neste dia.


Albergue de Redondela

Voltei a pensar na vida que deixei em Portugal, nas pessoas com quem me partilhava e na importância que isso tem e deve ter. Mais importante: sou eu que construo o meu próprio futuro e o meu caminho!Ninguém me pode retirar isso...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Iqueia" ou "I quê à"??

Basta clicar para rir com o "Gato"!

Anjos e Demónios

Os muros altos, forrados de arame farpado indiciavam o ambiente que ali se vive. Os portões abrem-se, esperando a minha entrada no local de rendenção e penitência das almas. O tempo e as vivências passadas permitiram-me criar, também em mim, muros altos que me defendem e protegem. As revistas, os detectores de metais, o eco (sempre o eco), o frio e a humidade subjacente a estes locais já não me afectam, tornando-se antes uma parte de mim, como uma simbiose.
Aguardo através de uma porta espelhada pelas pessoas que naquela sala, por breves momentos, se irão partilhar comigo. Não deixo de me sentir Caronte, mas num processo inverso, conduzindo neste caso as almas do inferno para uns momentos de paz e liberdade ilusória.
Todos de castanho, com o mesmo semblante frio e soturno, fazem-me pensar na tentativa infrutífera de uniformizar o espírito, mas tal é impossível porque independentemente das experiências somos todos demasiado humanos. Cada sorriso, olhar, aperto de mão são únicos e especiais.

Tento distanciar-me, colocar a máscara do alheamento e simpatia enquanto olho para as grades da janela e penso no que tenho à minha espera no mundo terreno.
Uns olhos negros, frios como metal, inexpressivos e maquiavélicos fitam-me, despindo-me a alma, rasgando-a em mil pedaços. Um esgar de boca deixa entrever dentes aguçados e brancos que me arrepiam de medo e desconforto.
Mãos que se prendem e tocam por instantes num limbo de sinergias onde não existem anjos nem demónios, apenas almas perdidas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Hometown Glory - Adele

Má-Donna


E ontem foi noite de concerto. Com o Parque da Bela Vista a abarrotar, a rainha do Pop deu o chamado "concerto do ano".
Num espectáculo repleto de efeitos especiais, com um palco dinâmico e próximo do público, apresentou os seus temas mais recentes. No entanto confesso que prefiro a Madonna dos "good old days", com os clássicos que me fizeram crescer. Foram apresentados alguns temas mais antigos, mas reinventados (nem sempre bem conseguidos), como o Human Nature, Vogue, La Isla Bonita, etc.
Talvez tenha sido impressão minha, mas nem sempre o público aderiu de uma forma mais entusiasta, também porque a diva tinha mais que fazer que puxar pelas 75 mil pessoas que lá estavam.
Mas Madonna é sempre Madonna e assisti a um concerto memorável, único (e que bom foi vê-la a aparecer em palco sentada num trono....).

Ainda houve tempo para, depois de andar imenso, apanhar um táxi com um motorista completamente louco, a conduzir a 120km hora na 2ª circular, borrifando-se para radares e outros carros enquanto ouvia Mamonas Assassinas com o volume no máximo. Eu já me agarrava à porta, completamente em pânico, enquanto o taxista dava mais uma guinada com o carro e me dizia "não tenha medo que chega lá inteira!!".

sábado, 13 de setembro de 2008

Rainha da Pop

E amanhã é dia de Madonna!! Lá vou estar eu junto de mais 75 mil pessoas a ver a rainha da pop e o maior ícone da música. Só podia ser Leoa, claro...

Caminho Português de Santiago - Dia 2

Dia 18 de Agosto: Valença - Porriño

O segundo dia de caminhada iniciou-se cedo. Quando acordei um certo temor percorreu o meu corpo, por não saber se conseguiria andar e levar até ao fim o objectivo que tinha delineado. E, para mim, desistir não é uma palavra que exista no meu vocabulário.
A coxear e a arrastar-me fui arrumando a mochila e ajeitando o casaco. O dia nublado prometia criar algumas dificuldades. Por já conhecer o trajecto do ano anterior, sabia que poderia estar descansada nos primeiros Km, afinal era um trajecto que gostava.
A S. e a C. tinham algumas bolhas criadas no dia anterior, mas encontravam-se em melhor forma que eu. As três fomo-nos dirigindo para a ponte metálica que une Portugal a Espanha.

Atravessando a ponte que liga Portugal a Espanha


Com alguma dificuldade, mas tentando manter-me animada, fui calcorreando Tuy e os bosques envolventes. Começámos a encontrar vários peregrinos e num troço do percurso meio isolado, começou a chover. Tivemos de usar os Ponchos, capas horriveis para proteger o corpo e a mochila da chuva. Apesar do calor e cheiro a plástico que os ponchos libertavam ainda soltámos umas gargalhadas: eu e a S. parecíamos uns dromedários mas a C., como italiana que era, tinha uma capa toda fashion! Ou seja, até nas piores condições possíveis, a C. parecia que estava a desfilar em Milão. Mais peregrinos "dromedários" deslocavam-se ao fundo originando um espectáculo ridiculamente engraçado. Tivemos a sorte de a chuva ter durado pouco tempo e podermos tirar os ponchos. As minhas dores musculares atormentavam-me e tive de parar várias vezes com receio de que as câimbras não me deixassem prosseguir.

Fui tentanto incorporar a dor e dei comigo a pensar no que tinha deixado para trás, em Portugal. Tentei rir-me com algumas episódios uma vez que isso me ajudava a caminhar, ao mesmo tempo que comecei a aperceber-me da importância das coisas simples.


Nos bosques circundantes, entre Tuy e Porriño

Com o tempo aproximámo-nos da famosa "recta industrial", uma enorme estrada, cheia de indústrias e camiões a passar. Por esta altura a chuva tinha dado origem a um calor que aquecia o alcatrão que nos queimava os pés. Apesar de grande parte das pessoas não gostar deste trajecto para mim continua a ser um dos mais fáceis e, confesso, até gosto porque entre tanto barulho, poluição e vivências mundanas, consigo abstrair-me e apreciar ainda mais a simplicidade da vida, da natureza, lembrando-me constantemente do porquê de fazer tantos km com sofrimento. Relembra-me os meus objectivos.
Uma vez que começava a ganhar ritmo e a conseguir abstrair-me da dor, a partir de certa altura consegui caminhar de uma forma mais determinada e com mais confiança também, ao invés da S. e a da C., cujas bolhas tinham aumentado. Para elas o trajecto foi penoso, fazendo os últimos Km. com muita dificuldade.

Conseguimos chegar ao albergue onde tratamos das mazelas. A S. e a C. tinham os pés numa lástima e passaram grande parte do tempo a rebentar as bolhas e tentar minimizar os estragos. Eu, cujas dores me tinham atormentado, estava agora mais calma e bem disposta: não tinha ainda bolhas, apenas dores musculares que estava a conseguir controlar. Além do mais tinha um objectivo: ir aos correios para tentar enviar postais para casa. E tinha que ser naquele dia, para chegarem cedo. Elas ficaram a descansar e tratar das bolhas, enquanto eu me arrastei numa rua íngreme para tentar chegar aos correios. Quando lá cheguei li o aviso com a indicação de que em Agosto fechavam mais cedo. Conclusão: arrastei-me de volta para o centro de Porriño sem postais enviados. Tive a sorte de encontrar uma papelaria com um marco de correio cá fora e lá consegui enviar os malfadados postais. E senti um gostinho especial ao enviá-los, senti que estava a partilhar uma parte de mim, do meu mundo, com quem me era especialmente importante e com quem me tinha apoiado. E isso deu-me alento e fez-me perceber as coisas de uma outra forma também.

Para o jantar tivémos o privilégio de comer comida italiana, cozinhada especialmente por uma italiana, a C.! Além do valor simbólico foi uma das refeições que melhor me soube, pelo gostinho caseiro que já não conseguia saborear há uns dias, o que me confortou a alma.

Contactámos pela primeira vez com um sul africano de 80 anos que estava a fazer o caminho, de forma solitária e impressionante e comecei a personalizar o meu bastão enquanto me partilhava com a C.

Apenas tinham passado dois dias e conseguia sentir as pequenas mudanças de alma. O tempo tomou uma outra dimensão e os laços estabelecidos também. As companheiras de caminhada, eram agora companheiras de alma e trajectos de vida. Comecei a deixar que sentimentos positivos me inudassem e a perceber que esses sentimentos positivos eram as pessoas que tinha deixado em Lisboa, e o que já tinha construído com elas. Apercebi-me da importância da família, que apesar de todas as rabugices e discussões têm estado presentes, apoiando-me no meu caminho e dizendo-me que estarão do meu lado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Recuerdos...

Em conversa relembrei aspectos catitas da infância:

* os famosos "glutões" do detergente;
* comer cenoura crua (normalmente era expulsa da cozinha porque comia as cenouras que eram para a sopa ou para o jantar...);
* comer chocolate de culinária, aquele negro amargo que se cola aos dentes (ainda hoje faço isto...);
* lamber a pasta de dentes enquanto lavava os dentes;
* beber o sumo de laranja extra doce que a minha avó fazia (só com laranja e kg de açúcar);
* comer pinhões tirados directamente das pinhas, que deixavam os dedos cheios de resina. Mas até já tinha um martelo pequenino só para os pinhões. E o gosto é tão diferente.... é como beber cerveja do copo ou da garrafa...é diferente (ok, estou a divagar já...);
* Fazer bonecos com o miolo do pão, sobretudo quando a refeição era peixe cozido e demorava horas a terminar;
* Comer morangos e requeijão com açúcar (ricos hábitos que a minha avó me incutia...depois não havia de estar gordinha...enfim...);
* Os meus copos com o Misha e a Natasha, que quando se partiram foi um desgosto de alma (e sim, o ursinho Misha e a Natacha eram as mascotes dos jogos olímpicos de 1980 na Rússia!!);

It's so nice!

Hoje já recebi várias mensagens carinhosas e aconchegantes.
Tantos miminhos de alma pela manhã! Isto hoje promete!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Descobertas gastronómicas


Quem me quiser subornar já sabe: petit gateau com uma bolinha de gelado (de baunilha fica divinal!).
Ok, eu confesso, sou uma gaja fácil....

Memórias

"Every camino, as well as every experience in our life are unique and we don't have to compare each other."
Nada acontece por acaso, e como tal existe sempre uma frase certa, na altura perfeita. Sei que nunca lerás estas palavras, mas C., obrigada pelas aprendizagens e partilha de alma. Não interessa se em italiano se em português, porque a linguagem dos afectos é universal.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As piores capas de albúns:

Que lindo! E são mais de 50! Podem-se descobrir verdadeiras pérolas aqui.

Teatrinho

Ontem fui finalmente ver As Vampiras Lésbicas de Sodoma, no Teatro Mário Viegas, no Chiado. A peça, que está em cena pelo 3º ano, é genial, com um elenco de actores fantástico, diálogos muito cómicos e imprevistos que faziam soltar gargalhadas sonantes.





domingo, 7 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago- Dia 1

Dia 17 de Agosto: Ponte de Lima - Valença



O dia começou cedo em Ponte de Lima, encontrámo-nos às 6:30 na ponte romana com a C., a italiana que tínhamos conhecido na véspera, na camioneta.
Seguimos caminho, tentanto identificar as primeiras setas amarelas no trajecto, e rapidamente nos deparámos com charcos de água e lama, quase intransitáveis. Na maior parte dos casos conseguimos contornar a lama, noutros não foi possível o que acabou por levar a algumas gargalhadas.
A certa altura do trajecto eu e a C. começámos a sentir a necessidade de um ponto de apoio, uma vez que a S. já tinha o seu bastão. Ao passarmos por um monte de lenha olhámos uma para a outra e começámos a ver se existia algum pedaço que pudesse servir. A certa altura aproximou-se uma senhora e eu, pensando que era a dona da lenha que estavamos a tentar "roubar" tentei avisar a C., de forma rápida e embaraçada. Quando olhei para o lado já a mulher estava ao nosso lado, sacou rapidamente de um pau, que partiu de forma lesta no joelho. Deu uma metade à C., e a outra a mim dizendo que podia ser útil para subirmos a serra.

Tínhamos acabado de arranjar os bastões, fiéis companheiros de caminho, que se iriam moldar às nossas mãos e passadas de alma.


O riso e boa disposição acabaram quando chegámos à Serra da Labruja. Sempre ouvi dizer que este troço do caminho era dos mais difíceis, mas nada me preparou para o que aí vinha: debaixo de um sol quente de Verão deparámo-nos com terrenos íngremes, feitos de terra batida ou pedras irregulares. Algumas subidas eram de tal forma íngremes e com poucos pontos de apoio, que senti necessidade de as fazer de forma contínua, não fosse parar e o peso da mochila me tombar para trás.
E constantemente lembrei-me das palavras do meu amigo M. que já tinha feito aquele troço: "quando pensares que não pode existir subida pior que a que fizeste, prepara-te! A seguir vem uma pior!". O desânimo toldou-me o espírito com tal caminho desolador.

Chegámos ao albergue de Rubiães por volta do meio dia. O albergue encontrava-se vazio e depois de conversarmos, uma vez que ainda era cedo e nos encontrávamos bastante bem a nível físico, decidimos prosseguir caminho até Valença. Foi o pior que fizemos... Os primeiros Km correram bem, uma vez que o terreno não era complicado, mas o cansaço provocado pela Labruja, os vários km ainda por fazer e o calor que se começava a fazer sentir tiveram as suas consequências. A C. e a S. começaram a sentir as primeiras bolhas formarem-se. No meu caso foram as dores musculares. Comecei a sentir dores que a cada passo que dava me impediam de prosseguir de forma lesta. Primeiro a perna direita com dores musculares intensas, depois o pé esquerdo. Já não conseguia andar nem coxear, apenas arrastar-me, receando que as câimbras aparecessem a qualquer momento. Eu, que normalmente tinha o passo mais rápido das 3, comecei a ficar para trás. Deixei o desânimo e a falta de fé inundarem-me. Dava apenas uns passos e tinha de parar. Em alguns momentos pensei em não me levantar pois não sabia se conseguiria voltar a andar. Tentei abstrair-me das dores pensava nos objectivos que me tinham levado até ali e tentando ganhar forças para os últimos km.

Completamente arrasadas chegámos ao albergue de Valença onde pudémos descansar e tratar das primeiras mazelas. Tratei das pernas e pés inundada de tristeza e desânimo. Costumava dizer às pessoas para não se deixarem abater pelo primeiro dia, que era sempre o pior, mas esse concelho não serviu para mim...E isso fez-me lembrar a minha falta de humildade...

Tentei fazer os meus últimos contactos com Portugal, tentando ganhar forças através da energia das pessoas que me eram importantes. Deitei-me sem saber se conseguiria andar no dia seguinte, pensando que talvez o meu caminho ficasse por ali e tivesse de desistir....

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ai caneco

Ai que hoje é dia de Maria Antónia, a Psicóloga!

Devia ir antes a uma consulta de psicologia, para me preparar para esta sessão!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Caminho Português de Santiago - Dia 0

16 de Agosto: Viagem para Ponte de Lima - Ponto de Partida

Apanhei a tradicional camioneta da rede expresso que liga Lisboa a Ponte de Lima, num percurso de várias horas. Até à estação o peso da mochila moldava-se nas minhas costas, relembrando-me as dores do ano transacto e avisando-me que o percurso deste ano não seria mais fácil, mesmo com a expriência anteriormente adquirida.

Aproveitei a viagem para me recolher nos meus próprios pensamentos, traçar objectivos e pensar no que tinha deixado em Lisboa e o que me esperava nos vários km de trajecto de alma que iria percorrer.

Em Braga fizemos o transbordo de camioneta, como já vem sendo habitual. A S., que tinha levado o bastão característico de Santiago junto da bagagem, tinha decidio levá-lo agora junto dos passageiros. Começámos a achar estranho uma rapariga franzina, de olho azul, estar constantemente a olhar para nós. Até que começa a conversar connosco, numa espécie de "espanhol-português", perguntando-nos se iríamos fazer o caminho de Santiago. Começámos a falar em inglês, e lá se apresentou como sendo uma rapariga italiana, a C., que já estava em Portugal há umas semanas e tinha decidido fazer o caminho português, que tinha iniciado no ano passado mas não tinha terminado. A conversa desenrolou-se com naturalidade e a C., que iria começar em Valença, decidiu ficar em Ponte de Lima e começar a caminhar no dia seguinte connosco. Em Ponte de Lima decidimos ficar na pensão onde já tinha ficado no ano passado, cujos preços são feitos "à medida" e do "quanto vos disseram que era o quarto quando reservaram?".

Ainda tivemos tempo para um repasto português enquanto se via o Sporting ganhar a Super Taça ao Porto e se definiam estratégias para as etapas que aí vinham. Três pessoas completamente diferentes, com objectivos e aspirações diferentes, uniam-se num objectivo comum.

Eu estava pronta para o primeiro passo de uma nova etapa....

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Descobertas Gastronómicas

Numa ida fantástica e inesquecível a um restaurante Tailandês, decidi experimentar uma sobremesa típica: "Rambutão com ananás". Não fazia a mínima ideia do que era Rambutão, e quando chegou uma tacinha com bolinhas parecidas com lichias fiquei receosa. Não sou grande apreciadora destas, sobretudo depois de num restaurante chinês ter pedido uma sobremesa denominada de "Olhos de Dragão" que basicamente eram lichias a boiar numa calda espessa de sabor estranho, que não consegui ingerir.
"Bem, já que pedi isto, deixa cá experimentar". A colher afundava-se na calda e pensava "esta porra são lichias, estou tramada...". A esta altura já a pessoa que estava comigo tinha cheirado o Rambutão e com um ar arrepiado disse que não conseguia comer aquilo. Afundei outra vez a colher na calda até a minha companhia de desgraças gastronómicas ter decidido arriscar e engolir um Rambutão. Fiquei à espera da reacção que não foi propriamente a melhor: um conjunto de caretas e de indeciões se o rambutão ia parar meio cuspido ao guardanapo ou se era engolido num rasgo de coragem, com algumas lágrimas à mistura.
Pensei ironicamente "porreiro, tenho uma taça cheia disto para comer.....". Decidi experimentar o primeiro a medo mas depois de toda a expectativa criada, a verdade é que gostei! Era macio e doce, com ananás por dentro para não o tornar tão enjoativo.

Como curiosidade, aqui ficam algumas informações extra sobre o Rambutão.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Divagações

No teu espelho de alma vejo o meu reflexo inerte na sombra de vidas passadas que se projectam num futuro de sinergias.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Trajectos

Regressei dos trâmitos de vida onde me desloquei durante uma semana, procurando respostas para dúvidas pungentes.
Como me disseram uma vez "todo o Cabo das Tormentas aguarda a oportunidade de se dobrar em Cabo da Esperança".
Agora desloco-me, por isso, num mar calmo. Num novo ciclo de vida. Num novo ciclo de alma.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Que os deuses me acompanhem

O ano passado fiz o caminho de Santiago com a esperança de me conhecer melhor, de desafiar os meus medos e receios. Em parte esses objectivos foram cumpridos, tendo ficado uma experiência inesquecível e um dos momentos mais importantes da minha vida. O que não esperava era que aquando do meu regresso as coisas teriam mudado, que o que era tinha deixado de ser, e uma fase negra aguardava por mim.

Amanhã regresso aos trilhos que calquei com sofrimento o ano passado. Espero fechar um ciclo e iniciar outro, até porque como diz o leão Aslam, das Crónicas de Nárnia, uma história nunca se repete duas vezes.

Partirei, tal como da primeira vez, de Ponte de Lima não só pela proximidade da fronteira, mas sobretudo pelo significado simbólico. Dizem as lendas que o Rio Lima é considerado o Rio Lethes e quem o atravessasse perdia a memória. Significava a iniciação através do alheamento que pode ser entendido como a necessidade de esquecer para crescer melhor. Segundo a tradição para se chegar ao céu ter-se-ia de passar o Lethes o que exigia o esquecimento de tudo, o inicio de uma nova vida.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Parabéns a mim


Aqui estava eu há 27 anos atrás! A tentarem estrangular-me já em tenra idade. Do lado esquerdo a minha prima C, do lado direito o meu primo F., que viriam a ser meus padrinhos. Tive que esperar que tivessem 16 anos para poder ser baptizada pois ainda eram muito cachopos.

P.S.: o bolo com o leãozinho tem óptimo aspecto!

Ciclos de Alma

16 de Agosto de 2007, Pádron, dia 5
"Falo como se estivessemos a fazer este caminho há muito tempo. Tenho alguma dificuldade em me lembrar que apenas passaram uns dias. O tempo aqui deixa de ter importância. È como se toda a vida que se levasse tivesse ficado lá fora. Como dizia a Josephinne «hoje conseguimos viver e sobreviver com tão pouco...» E é nestas alturas que penso que damos demasiada inportância aos bens materiais e ao quotidiano. (...) Amanhã será o último dia, o dia da chegada (a Santiago), mas como chegar a um destino sem que o vazio se apodere? Existe uma busca constante e uma rotina construída ao longo dos dias que irá ser interrompida.
Poderá ser que consiga superar obstáculos, superar-me e, sobretudo, superar os meus medos. Mas será sempre um ciclo interrompido..."

Passado um ano, retomo o ciclo interrompido...