A viagem, com início marcado no Porto, teve a sua primeira paragem para um café em Valença, onde subindo até à muralha pude vislumbrar o rio que separa Portugal de Espanha, a ponte que liga as duas margens e que já percorri a pé duas vezes em peregrinação até Santiago de Compostela. Mostrei com o orgulho de quem partilha uma parte importante de si os caminhos que trilhei com sofrimento em viagens passadas. Deixando para trás Portugal, a próxima paragem foi Baiona, local mais turístico, onde se vislumbra o mar e os turistas, antes de começar a chover e nos fazer "fugir". De seguida Santiago de Compostela, uma experiência repetida para mim, mas nova para outros. Hotel 3 estrelas em promoção, com todas as condições para nos sentirmos confortáveis e perto da zona central e histórica. Depois de imenso tempo à espera do jantar, lá vieram os famosos Pimientos Pádron, Polpo (polvo) e umas ameijôas com um molho que não desgostei mas nada tem a ver com o nosso. Veio a conta e lá vieram as reclamações pois os preços estavam incorrectos. Meio em Português, meio em espanhol (naquele dialecto horrível e irritante que temos tendência para acreditar que os espanhóis percebem mas não percebem) lá nos cobraram o preço devido.
A manhã seguinte serviu para explorar Santiago, para dar a conhecer a catedral que já tinha palmilhado várias vezes, dando a conhecer um pouco da história do local. Os peregrinos a chegarem à praça, com dores e a coxear, provocaram-me uma sensação estranha, de reconhecimento, de partilha. Também eu já tinha chegado ali naquela condição... E existiu uma compreensão surda, lenta, interna.
Com Finisterra no horizonte, outro local de peregrinação, pude vislumbrar o mar, sentir o calor do sol e percorrer de carro toda a costa numa paisagem deslumbrante.
A dormida em Pontevedra é que já não correu muito bem. Algumas pensões já estavam cheias e a carteira vazia por isso optou-se por uma pensão que foi, decididamente, o pior local onde dormi até hoje. O quarto tresandava a tabaco, apesar de um aviso gasto indicar que era probido fumar. Duas camas com roupas velhas deparavam-se no centro do quarto cujas paredes estavam manchadas de sujidade. As toalhas tinham um aspecto encardido e a vista era fantástica, para umas traseiras esquisitas onde se viam canos e toalhas penduradas. A casa de banho era comunitária, ou seja, usada por todos. Ou quase todos, que só a ideia de tomar banho ali me repugnava, sendo por isso usada apenas para o mínimo indispensável. Todo o quarto era horripilante e dormir ali não foi prazeroso (muito menos depois de ter estado num hotel de 3 estrelas). Serviu como experiência.
Apesar das mini-férias, o regresso a casa é sempre muito bom. Valoriza-se muito mais o que por cá temos. É a nossa casa, a eterna casa, onde está a alma e o coração. E a comida caseira! Que o turismo deu-me a volta ao estômago (literalmente).
1 comentário:
...Por mais sítios que vás, Portugal é sempre Portugal.
A tua viagem fez-me lembrar uma ida minha a Espanha...aquilo também não correu lá muito bem e também não havia Quartilhos no Hotelos...What Ever... LOOOL
Enviar um comentário