segunda-feira, 30 de junho de 2008

Post semi-adolescente

Quando estava em Berlim decorria a fase de grupos do campeonato da Europa. Num dos dias estávamos a jantar e passava na TV o jogo Grécia-Rússia. Eu comentei, por acaso, que os jogadores eram todos feios e com nomes esquisitos. A E. e a V. ficaram escandalizadas e disseram que eu era muito exigente!! Bla bla bla...
Gajas, vamos lá ver se nos entendemos. Os jogadores da Grécia-Rússia eram todos horrorosos, mas não posso dizer o mesmo de:
Mutu, jogador da Roménia

Casillas, jogador da Espanha


Ballack, jogador da Alemanha


Canavarro, jogador da Itália.
(Não jogou que estava lesionado, mas que interessa isso??)
Estamos entendidas?

Caminhos alternativos

Numa tentativa de contrariar uma fase menos boa da vida decidi, *inteligentemente*, levantar-me cedo no sábado de manhã e ir fazer um percurso pedestre em Sintra. Faltou-me a companhia, mas não a vontade. Achei que, apesar do receio de ir sozinha, não deveria deixar de fazer algo que me apetecia e que isso também poderia ser um desafio. Ainda por cima um percurso pedestre costuma ser fácil, está bem assinalado e conseguir concretizar alguma coisa dar-me-ia a sensação de realização e uma maior confiança. Afinal, que é que poderia correr mal?
Logo nos primeiros metros percebi que o caminho não ia ser fácil. Subidas íngremes, em caminhos desnivelados e com um sol de torrar qualquer coisa que por ali passasse. "Estou tramada", pensei eu. Mas com determinação lá fui avançando. Cruzei-me com alguns ciclistas, que pareciam estar a derreter-se mais que eu porque tinham de carregar a bicicleta a pé. A primeira paragem foi no memorial aos bombeiros que pereceram na década de 60 a combater o incêndio na serra de sintra. Até ali tudo bem e o caminho até começava a ser agradável, mais coberto de árvores e com uma brisa a refrescar-me. Mas a certa altura o caminho mudou de rumo, conforme a sinalização que ali se encontrava. Descobri os Tholes de Monge no meio da vegetação, onde sentia bichinhos a rastejar ali perto (só me fez chegar mais depressa aos Tholes de Monge). Comecei a olhar para os sinais, que indicavam que o caminho seria por ali, mas não via caminho nenhum. A vegetação estava cerrada e cheia de picos. Voltei para trás, tentei ver se existia sinalização noutro local, voltei ali, regressei atrás, tentei contornar o caminho. Nada feito. Ou o caminho estava mal sinalizado ou não fizeram a manutenção do caminho, tornando-o impraticável. Tive de desistir, e essa sensação deixou-me frustrada e triste. Mais uma desistência e uma sensação de falhanço. Regressei ao carro que tinha deixado perto do Convento dos Capuchos. Olhei para as placas e pensei: "Hmm....já que aqui estou...porque não?". Acabei por comprar um bilhete (uma roubalheira, diga-se!) e fui a um local que há muito queria visitar. A alteração inesperada e súbita de planos acabou por revelar-se um sucesso. As celas exíguas, as portas e coberturas de cortiça, a pobreza de todo o local, acalmaram-me e fizeram-me pensar nas coisas numa outra perspectiva. Experimentei entrar numa cela que se encontrava repleta de escuridão e que servia para um recolhimento e meditação profunda. Conseguia ouvir apenas o silêncio, ouvir-me...

Saindo do convento ainda tentei descobrir os arredores e descobri mais umas capelas e locais de culto, no meio da vegetação.

Ainda acabei por descobrir mais algumas funcionalidades da máquina fotográfica que nunca tinha experimentado e o resultado foi giro:


Moral da história: existem sempre caminhos alternativos que podemos percorrer e que nos reservam surpresas agradáveis.




sexta-feira, 27 de junho de 2008

Opacidades

Hoje sinto-me uma menina desprotegida e frágil, com lágrimas translúcidas a escorrer pelo meu rosto.
Hoje preciso de um abraço divino e celestial, que me faça acreditar e sentir que vai ficar tudo bem, que alguém se preocupa, que não estou sozinha no deserto árido e rochoso onde me encontro.
Existirei realmente? Ou sou apenas vácuo?

Dúvidas científicas

Há uma coisa que não percebo: se tenho 1.63 de *xixa*, porque é o raio de uma melga me mordeu num olho?? Num olho?? Fez pontaria? Parece que levei um murro, além da comichão danada que me dá. Isto são coisas que deixam uma gaja desmoralizada!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dramas femininos

* Acordei com os olhos inchados;
* Tenho borbulhas e não sei porquê (é que nem comi chocolates!);
* Pus perfume e disseram-me que cheirava a Nívea;
* O meu tlm deve estar quase a "pifar";
* O cabelo está esquisito (o raio da juba hoje está esquisita);

Isto está a correr muito bem! Pelo menos não estou com o *Mr. Red*! Valha-me isso!

Pensamentos

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro

terça-feira, 24 de junho de 2008

Vida pacata

E voltamos à saga das desgraças!

Depois do esquentador avariado, temos um pc morto e outro que o veio a substituir com ataque de coração (nada de computador agora), uma PS2 que me bloqueia quando tinha passado vários níveis de um jogo, o leitor de cd's do carro avariado e as poucas peças do malfadado puzzle que tinha conseguido fazer espalhadas no chão! E esta última desgraça é culpa de quem?
Eu digo!
Destes 2:

Com arzinho de santos e de "Nós??!!! Somos tão calminhos!!! Calúnias!!"
Ainda por cima roubaram-me a almofada!

Rescaldos



E as férias terminaram. É sempre assim, o que é bom acaba depressa e este caso não foi excepção. O interregno de trabalho permitiu fazer uma pequena passagem por Berlim onde fui surpreendida por uma cidade charmosa, íntima e acolhedora, com contornos da história bem vincados.
Para regressar certamente...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Receita para fazer azul

...Que possas levar ao lume do horizonte;
Depois mexe o azul com um resto de vermelho
Da madrugada, até que ele se desfaça;
Despeja tudo num bacio bem limpo,
Para que nada reste das impurezas da tarde.
Por fim, peneira um resto de ouro da areia
Do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.
(…)”Nuno Júdice, “Receita para fazer azul”

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Hmmm.....

É impressão minha ou hoje cheira a Primavera?

Não....esperem....



..........


Não é a Primavera... é a.... FÉRIAS!!!!!!!

Este puzzle está a dar-me a volta à cabeça...

Só ainda consegui fazer isto....estou tramada.

Tirinhos

Mais uma quinta-feira, mais uma sessão de tiro. Ontem a sala estava mais vazia uma vez que os adolescentes estão em exames ou foram ao Rock in Rio. Aprendi que cada arma tem um número e que convém escolher sempre a mesma. Atribuiram-me a arma mais pesada: "toma, enquanto estiveres sentada, utilizas esta. Quando passares a disparar de pé temos de escolher outra que esta é muito pesada para uma *senhora*". Os poucos resistentes que lá estavam acabaram por sair, com os seus fatinhos MEO e as suas armas psicadélicas, ficando apenas eu (com as listinhas telefónicas e sentadinha, na minha figurinha semi-humilhante) e um senhor que treinava a pistola. Entre eu e ele não sei quem disparava mais ao lado. Acho que era mesmo eu, uma vez que ele estava de pé, pistola é muito mais difícil e se estava a adaptar a uma qualquer mudança na arma....ok, era mesmo eu. Ontem os tiros saíam-me todos ao lado. Mesmo assim deu para treinar, aprender a regular a arma (e saber que a posição da cara influencia grandemente o disparo, bem como a qualidade dos chumbos), adaptar-me a uma nova arma, etc. O tiro é um desporto tão preciso, que pequenas variáveis influenciam e o desafio está mesmo aí: anular todas essas variáveis, numa lógica de autocrontolo e precisão.

Esta imagem é de dois alvos que trouxe, resultado do meu trabalho de ontem. Como se vê a minha pontaria não está grande coisa, existem disparos bastante ao lado, mas tenho de continuar a trabalhar.

E depois penso: "ei! Acertar no centro destes papelinhos, a uma distância de 10mt. não é assim tão fácil! Até nem me estou a sair mal!".

E acima de tudo, estou a gostar do desafio.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ando com vontade de ler...


Expressões

A quem utiliza a expressão "mimir" (eu incluída) como sinónimo de dormir (do estilo "ah e tal, vou/vai mimir") eu pergunto:

- Mimir é um verbo? Se sim, deverá ser conjugado como os restantes? ("Eu mimo, tu mimas, ele mima.....")

E aposto que não sabiam que afinal Mimir tem outro significado! Bem interessante, por sinal....

Contradições da vida

Quem me conhece sabe que detesto moda e tudo o que se relacione com vestidos e roupa feminina, berloques e se as riscas azuis combinam com os quadrados vermelhos. Não tenho pachorra, acho um desperdício de tempo e energia e serve apenas para, no mundo actual, se olhar cada vez mais para o físico e aspecto da pessoa, e cada vez menos para o seu interior e personalidade. Aliás, detesto comprar roupa, não tenho jeito. As cabines são apertadas, quentes e malcheirosas, com espelhos que nos fazem sempre mais gordas. As roupas só existem em tamanhos S e grande parte pretendem realçar o corpo feminino (o que ficaria deveras interessante com os meus pneuzinhos Michelin...). Enfim...digamos que não tem muito que ver comigo, que gosto de me sentir prática e andar de ténis e mochila (com quase 30 anos e ainda ando nisto....).
Ultimamente, nos meus momentos solitários e deprimentes, com os gatos a ressonar no sofá e uma lata de aperitivos (a degradação a que a minha vida chegou...) dou comigo a fazer zapping e acabei por descobrir um programa que gosto e é completamente contraditório com o que acabo de dizer. Refiro-me ao Project Runway, na Sic Mulher. Uma espécie de Big Brother da moda, em que cada concorrente (estilista), todas as semanas tem de construir uma peça de roupa inserida num determinado desafio. Depois de avaliadas por um júri um concorrente é expulso.

Nem sei bem porque gosto de ver aquilo, talvez o interessante seja ver o processo criativo em si, de construção e evolução de um determinado produto, com as vitórias e frustrações que daí advém.

Apresentado pela bela Heidi Klum (não percebo que viu ela no Seal, mas de certeza que é a prova de que o amor existe...), com um júri e conceitos estritamente ligados ao tal mundo da moda, gostar deste programa deixa-me deveras preocupada....talvez seja motivo para procurar ajuda psicológica (not!).


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Jornalismo de qualidade

Estava eu a almoçar a minha rica pizza, quando na TVI começam a dar uma reportagem sobre as carpas que estão a morrer numa qualquer barragem ou lago ou lá o que era no Alandroal.
O jornalista, tentando dar um ar sério à reportagem, fala com um expert na matéria, um pescador local, já de idade avançada, com boné e sotaque alentejano, que tinha uma teoria para o falecimento precoce das ditas carpas:
Jornalista: Então o Sr. tem uma teoria sobre a morte das carpas?
Pescador: Tenho sim.
(Silêncio)
Jornalista: E é... o Sr. diz que é por causa da desova?!
Pescador: É sim.
Jornalista: Mas da desova porquê?
Pescador: Ah e tal, as carpas nã desovarã em Março/Abril e agora morrê todas.
Jornalista: Mas não desovaram porquê?
Pescador: Ah, elas vierã para a berma, mas como estava frio voltaram para as profundezas da água e morrerã todas.
Jornalista: Mas o sr. pode mostrar...?

E nisto, o pescador agarra numa carpa que estava estendida no chão, saca de uma navalha e começa, em directo, a abrir a malfadado peixe, enquanto o jornalista tentava fazer uma descrição da operação cirúrgica que se estava a passar.

Jornalista: Essa é das grandes, einh??
Pescador: É sim. É das grandes!

Eu sei que neste altura a minha pizza começou a contorcer-se no meu estômago, mas o pescador continuou a abrir a carpa e a revolver as suas entranhas dizendo "isto era tudo filharada que estava para sair. Era tudo filharada..." enquanto as vísceras do peixe lhe escorriam pelas mãos. Mas ele continuava a mexer, remexer, puxar, a querer mostrar a tal *filharada*.
Nesta altura deixei de olhar para a televisão, com pena de acontecer um acidente doméstico envolvendo o meu almoço e a minha má disposição.

Isto é que é uma reportagem! Com demonstrações científicas comprovadas ali! Quais exames toxiológicos, quais quê! E em directo!

Bull's eye

Cada vez chego mais à conclusão que sou uma gaja estranha. Estando eu num processo de (re)construção interior, tentei pensar em actividades e situações que me agradassem, como se isso me definisse ou ajudasse a encetar um novo rumo para a minha vida. Durante este processo introspectivo pensei que uma coisa que gostava de fazer seria experimentar tiro, mas que tal seria impossível, porque não devia existir, porque deveria ser caro, por isto, por aquilo.... deixei que os meus receios e limitações me toldassem e deixassem na inactividade. Neste processo de recuos e receios deparei com a antiga espingarda, pressão de ar, que o meu avô me deu há uns anos, onde aprendi a disparar os meus primeiros chumbinhos quando era gaiata e pensei "Porque não?". Descobri um local onde existem aulas de tiro, nomeadamente de "ar comprimido". Decidi colocar atrás das costas os meus medos e receios, frustrações e inibições. Afinal, ir pedir informações e saber preços não custava nada. E assim foi. Tímidamente entrei na sala. Deparei com uma carreira de tiro onde algumas pessoas, com fatos esquisitos (que me fazem sempre lembrar os fatos do "MEO") ficaram a olhar para mim. Afinal, além de estranha num local onde todos se conheciam, era a única mulher presente. Fui atendida, recebi informações e colocaram-me logo a disparar, na minha primeira experiência e sessão. O ambiente era estranhissimo, personagens vestidas com fatos estranhos, com armas estranhas e eu, ali sentadinha, com uma arma que devia ser do tempo da I Guerra Mundial apoiada em listas telefónicas. Nada mais humilhante.... Mas a verdade é que a experiência correu bem. Após um interregno decidi voltar. A segunda sessão (ainda com as listas telefónicas e a única mulher no meio de uma população de MEO's) correu igualmente bem e até fui elogiada. A terceira sessão, na passada segunda feira, já não correu tão bem. O grau de dificuldade aumentou, não me estava a conseguir concentrar e senti a pressão de querer me sair bem e não estar a conseguir.
Não sei o que me espera amanhã, em mais uma sessão, mas sei que ter chegado aqui, ter tomado a iniciativa de ir e tentado lutar contra as minhas "vergonhas" sempre presentes que apenas me inibem no caminho, já é uma vitória. Não sei o que decidirei se/quando chegar à fase seguinte e me tornar eu própria uma MEO, com roupa e armas caríssimas. Por um lado é sinal que me estou a sair bem, pelo outro é mais uma responsabilidade e uma despesa que não sei se consigo ou quero ter.
A foto que segue em baixo é da sala onde tive as minhas 3 sessões (espero que ninguém fique chateado por ter usurpado a foto).



Entretanto vou tentando-me divertir, valorizar-me a mim e, sobretudo, ao legado que o meu avô me deixou...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Abismos

Na linha do horizonte espero encontrar as respostas às dúvidas pungentes, mas apenas o silêncio me responde, num grito mudo e inconsequente. Sempre pensei que as lágrimas seriam translúcidas e puras, mas afinal são ocres, prateadas, como o coração que se refunde num qualquer abismo negro e eterno.

Relógio biológico?

Há já quase uma semana que ando a acordar, todas as noites, às 3 e tal da manhã. Não percebo porquê, uma vez que me deito sempre cansada e adormeço imediatamente. Mas a essa hora os meus olhos fazem *plim*, sem que existam barulhos envolventes ou gatos a chatear. Pelo contrário, acordo sempre no meio do silêncio e da calma. Nem sequer tenho horários ou turnos ou despertadores a tocar a essa hora. Foi de um momento para o outro, sem explicação aparente. E quando olho para os ponteiros do relógio, eles não se encontram longe das 3:30 da madrugada.

Quer dizer....ponho todos os dias o despertador para as 7:30 da manhã e nunca acordo a essa hora (sapatada no despertador e adormecer até estar atrasada e depois ter de andar a correr). E assim do nada acordo a estas horas indecentes?
Tenho o relógio interno avariado!

Patins, Skates e afins....

domingo, 1 de junho de 2008

Anjo do desespero

"Eu sou o anjo do desespero. Com as minhas mãos distribuo o êxtase, o adormecimento, o esquecimento, gozo e dor dos corpos. A minha fala é o silêncio, o meu canto o grito. Na sombra das minhas asas mora o terror. A minha esperança é o último sopro. A minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto abre o caixão. eu sou aquele que há de ser. O meu voo é a revolta. O meu céu o abismo de amanhã".
Heiner Müller - O Anjo do desespero