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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Casa da Selva

Este ano as finanças não estão más, estão mais que más, pelo que decidi que este ano as prendas de Natal têm de ser muito mais contidas do que habitualmente.
Todos os anos digo isto e acabo por gastar imenso dinheiro, mas este ano tem mesmo que ser.
Decidi cortar a lista e oferecer apenas às pessoas mais chegadas e mesmo assim só lembranças e/ou prendas personalizadas.

Neste senda decidi oferecer a algumas pessoas uns frasquinhos que comprei bem baratos e encher com chá. Só o cheirinho é delicioso.... Não sou muito dada a trabalhos manuais mas vou tentar fazer uns embrulhos catitas e um cartãozinho personalizado. E assim consegui poupar bastante dinheiro.

Hoje à hora de almoço decidi ir comprar mais chá porque ainda me faltavam encher uns 2 ou 3 frascos e fui à "Casa da Selva", na Estrada de Benfica, em Lisboa. Esta loja faz parte do meu imaginário de infância uma vez que costumava passar por ela quando ia para a escola. Também ia lá com o meu pai, quando ele ia comprar café, pelo que os cheiros e cores ficaram gravados na minha memória.


imagem retirada do Mercado de Bem-Fica


Há muitos anos que não ia lá e regressar teve qualquer coisa de mágico... a montra apresenta logo uma variedade de chás, cafés, licores e bombons que nos fazem sonhar. Ao entrar o cheiro do café em grão, dos biscoitos e chocolates mistura-se com o do chá a granel e transporta-nos para outra dimensão.

Prateleiras forradas de caixas e produtos exóticos fazem as delicias dos sentidos. E para mim é quase um regresso ao passado, ao meu passado...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Feira da Luz

No passado domingo vim até Lisboa e como precisava de fazer tempo decidi dar um pulinho até à Feira da Luz.
Quando era pequena todos os anos lá ia, juntamente com os meus pais e a minha irmã, e deixa-me inundar por todos aqueles cheiros, sons e imagens. Trazíamos sempre alguma coisa para a casa, nem que fosse um mealheiro, uma pedra para afiar as facas ou utensílios de cozinha.

O perfume a farturas e a bifanas inundam os corredores onde as barracas cheias de roupa de marca contrafeita se enchem de pessoas de todos os estratos sociais. E é ouvir os gritos dos feirantes a elogiar o produto e os preços tentando assim chamar mais clientes. No fundo ir a estas bancas não é muito diferente de ir a uma loja de roupa adolescente num qualquer centro comercial.

Mas o que eu sempre gostei mesmo eram as bancas que tinham materiais de cozinha, plásticos e bugigangas. E a tradição mantêm-se para mim e para muita gente porque são sempre os locais onde se acumula mais gente. A barraca das plantas também estava cheia e ainda lá andei a cuscovilhar mas acabei por não trazer nada. O mesmo se passou na barraca dos materiais e cestas em verga, lindos, mas carérrimos!! Tinha vários cestos de lenha a pedirem-me para irem para casa comigo mas custavam os olhos da cara pelo que os deixei lá sossegaditos.
Notei a falta de mais barracas de tralhas e afins, incluíndo a de música com as cassetes de cantores populares portugueses. Também existiam poucas barracas de rifas e tirinhos e praticamente nenhum carrocel ou divertimento do género.

Estava prestes a ir embora quando decidi parar numa dessas barracas de alguidares e pás que estão sempre a abarrotar de pessoas. Acabei por ver uns carrinhos de plástico para pôr na cozinha, coisa que me fazia falta há já bastante tempo. Mas existem momentos em que o nosso cérebro pára e deixamos de ter atitudes racionais para ter atitudes parvas (para não dizer outra coisa...). Ora, a minha cozinha tem tons de branco e azul. O mais natural seria ter comprado um carrinho com essa cor. Pois não é que comprei...laranja?!! Vá-se lá perceber porquê! Ainda por cima é um laranja forte, garrido, que nem dá para disfarçar. Mas foi a cor que mais gostei na altura. A sério que não compreendo.... Portanto agora tenho a cozinha com cores serenas, e depois um cesto de plástico *Made in Feira da Luz* laranja garrido.

Sou ou não sou especialista em décor?!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Motas e Regresso ao passado

No passado sábado andei a passear por Lisboa. Ou melhor, tentei. A ideia seria fazer de turista, com a mochila às costas e a bendita da sande e máquina fotográfica enquanto percorria a Baixa da cidade, passando por Alfama, Graça, Chiado, Bairro Alto e pelos inúmeros miradouros existentes pela cidade.

A viagem começou com a compra de bilhetes de um dia para Metro e Carris, tendo desaguado na Baixa/Chiado. O dia estava bom, com um sol fantástico e propício a passeatas e estar na Rua Augusta fez-me sentir viva de novo. Os turistas recheavam as ruas com as máquinas fotográficas e ar espantado. Até tive tempo de ver um motorista de um autocarro turístico, daqueles de dois andares com o topo descoberto, pedir a uma turista para mexer no painel de comandos na zona exterior da viatura enquanto ele, sentado, debitava ordens e indicações ... só visto!

O mini pic-nic na Praça do Comércio cheia de sol foi pautada pelas figurinhas de turistas que pousavam para as fotos em diferentes posições e palhaçadas. Após ter acalmado o estômago lá me dirigi para o MUDE para ver a exposição de Scooters.


Gostei bastante da exposição, tendo ficado surpreendida com a contextualização histórico-social das motas. Nunca tinha pensado muito nisso, nem no papel que a guerra e a emancipação feminina poderiam ter neste meio de deslocação. Motas pensadas sobretudo para mulheres não deixa de ser engraçado, tal como fábricas que se destinavam ao fabrico de armamento serem adaptadas e passarem a produzir motorizadas!

Existe uma boa variedade de motas, embora as Vespas sejam pouquinhas e o espaço meio estranho. Aliás, todo o espaço e restante exposição do MUDE me pareceu fraca. Uma espécie de garagem, com paredes ainda artesanais em cimento quase por rebocar onde fios de electricidade e plásticos eram visiveis. Se calhar era arte, mas a mim pareceu-me desleixo. A restante exposição ostentava poucas peças, pouco informação e o espaço para circular era algo confuso. Fica a recordação, as motas e ser de borla!

O passeio continuou, dando lugar as pequenas ruas do chiado e ainda com tempo para descobrir a loja da Catarina Portas onde estava para ir há anos, "A Vida Portuguesa".

Esta sim, foi uma verdadeira viagem pelo passado, onde pululavam recordações de infância. A famosa pasta Couto, os sabonetes típicos de um passado português, as andorinhas e azulejos que decoravam as casas portuguesas da altura eram apenas o início para o que aí vinha: Blocos, bisnagas e brinquedos típicos da altura e que costumava ter! Lápis de cor Viarco ou daqueles que tinham a tabuada (que ia desaparecendo à medida que se ia afiando), a Farinha, os cestos, os produtos de limpeza. Fiquei com o coração aconchegado!

Depois de visitar a loja apenas houve tempo para comer um gelado perto do S. Carlos até receber a notícia de que teria de ir a um velório. O passeio por Lisboa nem sequer começou e teve de ficar adiado.

Um dia mais tarde regressarei, qual turista de máquina em punho e coração aberto para recordar as minhas origens...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Jack Burton nas Garras do Mandarim

Ontem enquanto fazia Zapping pelos vários canais do MEO deparei com esta preciosidade na FOX: "Jack Burton nas garras do Mandarim" ou no título original "Big Trouble in little China".

Para mim foi um filme de culto dos anos 80, que via e revia em cassetes VHS, durante horas infindáveis e que povoava o meu imaginário.
Fazia parte da grande tendência para os filmes de aventura cómicos que surgiram na altura e que se revelavam sucessos de bilheteira e projectavam os seus actores. Recordo-me do "Em busca da esmeralda perdida", "A Jóia do Nilo", "Indiana Jones" ou as Minas de Salomão" entre tantos outros.
Este era sem dúvida um dos meus preferidos, talvez pela vertente cómica, trapalhona e "pintas" do protagonista principal mas também pela aura mais mística da cultura oriental. Revê-lo ontem, passados tantos anos, não desvirtuou em nada a memória que tinha do filme. Continuava como que "actual"...


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Memórias

E sem aviso revisitei espaços da minha infância e adolescência, espaços onde ainda hoje me movo e revejo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cromos do Mundial

Há um tempo atrás, numa ida fantástica ao supermercado acabei por comprar a Caderneta de Cromos do Mundial de Futebol 2010. Perguntam vocês "para quê?" e eu respondo "eis mais um mistério insondável da humanidade!". Recordo-me que quando era uma moça tinha uma caderneta do Robin Hood e lá andava a pedinchar os cromos ao meu pai. Nunca a consegui acabar mas a memória de infância permaneceu. E agora, passados uns 20 e tal anos, enquanto crompava queijos frescos e couve flor lá retirei essa memória do baú. É engraçado rasgar as saquetas e como uma miúda perseguir os números dos cromos para os colar com entusiasmo ou pôr de parte porque são repetidos, além de sentir a caderneta a preencher-se com rostos e figuras, umas conhecidas, outras nem tanto.
Acho que deve ser giro daqui a uns anos olhar e ver jogadores que se tornaram míticos ou acabaram por cair no esquecimento. Acaba por ser uma parte da história que se guarda ali apesar de ser cómico constatar que a equipa portuguesa contempla jogadores que nem sequer foram seleccionados, como o Bosingwa ou o João Moutinho. Estas cadernetas deviam ser feitas era depois das convocatórias dos seleccionadores!
Mas a bem dizer isto só serve para gastar uma pipa de massa e nos fazer sentir miúdos outra vez.
De qualquer forma se alguém também estiver a fazer e tiver cromos repetidos que avise!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Vicíos tecnológicos

Hoje de manhã saí à pressa de casa e acabei por me esquecer do telemóvel em casa. Sinto-me estranhamente despida e vazia, a pensar em todos os acontecimentos que podem decorrer sem o meu conhecimento - e isto para chegar a casa e constatar que ninguém ligou ou mandou mensagem .
E pensar que há uns anos atrás não existia nada disto. Saíamos de casa e ficávamos incontactáveis todo o dia. E a bem dizer até que existia uma certa sensação de liberdade nnisso não é?

quinta-feira, 25 de março de 2010

The Duck Family Tree

Agora ando a ler ao pequeno-almoço a colectânea do Almanaque Patinhas de 1981-1982 que comprei na feira de velharias aqui ao pé de casa.

Hoje achei esta preciosidade na net, que me retirou muitas dúvidas de infância!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Jogos de Computador dos anos 90

Ontem após uma qualquer conversa, dei comigo a tentar lembrar-me do nome de um jogo de computador no qual me viciava quando era mais nova. Não sabia o nome pelo que fui procurando em listagens de jogos de computador dos anos 90. O resultado foi uma valente nostalgia, porque nessa busca acabei por encontrar outros jogos que fizeram delícias há decadas atrás.
Na altura os jogos não eram comprados nem vinham em Cd's ou DVD's, eram arranjados pelos colegas de escola, em disquettes e arrancavam no sistema operativo DOS. Ficava sempre tudo cheio de vírus e os jogos basicamente eram um conjunto de pixeis coloridos que se mexiam. E mesmo assim aquilo era para nós fantástico e eu perdia horas de volta daqueles jogos. Eis alguns exemplos do que costumava jogar:


Crystal Caves - Jogo de 1991, foi um dos primeiros jogos que tive. Amava este jogo que basicamente era um jogo de plataformas mal enjorcado. Vestíamos o papel de um mineiro espacial de capacete laranja que tinha de recolher todos os diamantes das cavernas. E claro que existiam obstáculos e inimigos mortais! Estava tão batida nisto que consegui acabar este jogo várias vezes e já sabia as manhas todas. Ainda era jogado com as teclas de direcção, e mais um botão para saltar e outro para disparar, nada de complicado como nos jogos de hoje!






Golden Axe - Jogo de 1989, fez também parte dos primeiros jogos que possuí. Até me recordo que este foi a minha prima que me arranjou, ela que tinha computador há mais tempo, um fantástico 386! Este jogo penso que era oriundo das máquinas e foi adaptado a video jogo. Encarnávamos a personagem de um Viking (ou algo semelhante) e podíamos escolher um dos três personagens possíveis. Aqui na imagem estão dois, mas por acaso eu preferia o viking gorducho que em vez de espada tinha um machado. Era um jogo difícil mas que dava a possibilidade de jogarem duas pessoas simultaneamente e se ajudarem. Este também foi daqueles que consegui acabar!



Mad TV - Este foi o jogo que me levou a iniciar esta pesquisa ontem e descobrir todos os outros. Trabalhávamos numa estação de televisão e éramos os responsáveis pela programação, desde o serviço noticioso, aos filmes e documentários ou as séries que podíamos construir escolhendo as personagens ou a história que queríamos. Tínhamos um budget e audiências que tínhamos de gerir. Basicamente é um dos primórdios de simuladores, tão frequentes hoje em dia. O jogo é de 1991, mas só o tive uns anos mais tarde. Foi graças a este jogo que comecei a conhecer grande parte dos clássicos do cinema (o Rear Window - Janela Indiscreta originava sempre grandes audiências) e ouvi pela primeira vez falar de Dali.



KGB - Este jogo foi um pesadelo durante muitos anos porque nunca o consegui acabar, nem na primeira vez que o tive, nem anos mais tarde quando o reencontrei. De 1992 este jogo retrata a fase final e decadente do KGB. Basicamente somos um agente desta organização e temos de resolver um homicídio. Obviamente a história complica-se e ganha vertentes políticas. Foi a partir deste jogo que comecei a adorar os RPG, onde tinha de descobrir enigmas e pistas. Os bonecos são quase pixeis, mas a história estava bem construída e era uma inovação no estilo de jogo além de ter detalhes engraçados (reparem no poster ao fundo). Agora, que era estranho criancinhas jogarem um jogo chamado "KGB" com vertentes políticas....bem, isso era!




Dune - Este foi outro jogo que fez as minhas delícias e que consegui acabar! De 1992 baseava-se no filme do David Lynch com o mesmo nome e que conhecia de pequena, na altura das cassetes em VHS. As personagens são as mesmas do filme e encarnávamos o Paul Atreides, figura central da história. Aqui existe uma mistúria de RPG, onde descortinamos pistas e passos que temos de dar para o desenvolvimento da história, mas sobretudo estratégia.
Anos mais tarde joguei outras versões do Dune mas já nada tinham que ver com esta...



Perestroika - Voltamos aos jogos com nomes, temáticas e grafismos Soviéticos. Pelos vistos tinham alguma importância a nível de mercado...
Este figura, igualmente, nos primeiros jogos de computador que tive, os tais que vinham em disquetes cheias de vírus. É de 1990 e recordo-me da música inicial que era um cântico soviético. Se dúvidas restassem a imagem do Gorbachev esclarecia tudo.
Isso daria a entender que o jogo seria algo complexo ou do estilo do KGB, com uma vertente política associada! Mas...não! O jogo basicamente consistia em controlarmos uma rã que saltava de nenúfar em nenúfar (que iam desaparecendo e aparecendo) apanhando ovos e que tinha de chegar em segurança ao lado oposto. Um PacMan actualizado com música soviética.
Este jogo era fantástico!



Muitos faltam aqui na lista, por exemplo o Wolfenstein 3D ou SimCity (o que eu gostava de pôr o Godzilla a destruir a cidade) mas estes realmente marcaram-me, até porque alguns deles foram mesmo os primeiros jogos que tive.
Agora olhando assim para trás... que coisa esquisita que se jogava!
E mesmo assim, era tudo tão fantástico...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E esta einh?

E ao ver possíveis destinos turísticos descobri, por acaso, que o Petzi é oriundo da Dinamarca!



Serei a única ignorante que não sabia disto??

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Magnusson Vs Barão Harkonnen

Ontem comentava com um amigo o jogo das estrelas no estádio da luz da passada segunda-feira.
Às tantas falámos no Magnusson que já é mais uma estrela (de)cadente e eu disse "está muito gordo, até parece disforme, nem se reconhece! Faz-me lembrar o barão Harkonnen, do Dune". Saiu-me assim, de forma espontânea e natural porque efectivamente foi o que me surgiu na cabeça, embora não abone nada a favor do antigo jogador do Benfica!



E como que um click que se fez na minha cabeça, revi esse barão e esse filme, o Dune, de 1984 com todo o cenário, aspecto mórbido e demente que só o David Lynch consegue recriar.
Tinha esse filme gravado numa cassete VHS que via e revia vezes sem conta, onde aquelas personagens estranhíssimas iam desfilando e tornando-se parte do meu imaginário também.
Para mim na altura o Sting era uma personagem do Dune e não O cantor que toda a gente conhece.
Mais tarde contactei com os jogos de computador, primeiro numa espécie de RPG e depois num jogo de estratégia puro.

Com esta conversa do Dune, agora fiquei com vontade de rever o filme e os jogos!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Bola na relva

Na passada segunda-feira fui ver o jogo do Sporting a Alvalade. Comentários futebolísticos à parte, a verdade é que gostei de toda aquela envolvência que só encontramos num jogo ao vivo e num estádio de futebol. E o que mais gosto de ver e sentir é exactamente essa realidade, as mulheres de meia idade de pé a gritarem em plenos pulmões asneiras que fazem corar qualquer senhor de bigode e palito na boca, os vendedores de queijadas e gelados a deambularem pelas escadas, as crianças que foram arrastadas pelos pais e passam o tempo todo a comer e ir à casa de banho em vez de verem o jogo pelo qual não nutrem nenhum interesse. E depois existem os treinadores de bancada, que criticam os jogadores até eles marcarem um golo e passarem a ser "grandes jogadores", as claques com bandeiras gigantes a gritarem gritos de festa e louvor e os golos que não se veêm porque estavamos a assitir ao espectáculo das bancadas e não no relvado.

E nestes momentos lembrei-me da minha infância, de quando o meu pai me levava ao velhinho Estádio de Alvalade ainda com bancadas de pedra. Pedia sempre guloseimas, e lembro-me do desapontamento dele cada vez que tinha de vir cá fora comprar comida para mim e para a minha irmã, perdendo jogadas importantes e mesmo alguns golos. Aos poucos fui começando a ter outra atenção pelo que se desenrolava no relvado, e comecei a conhecer jogadores e a gostar de futebol.

Deve ser esta fase dos 30, começamos a relembrar aspectos do nosso passado e da nossa infância e dar-lhe outro sentido, outro carinho, outra importância.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Putos

O fim de semana foi tranquilo e sobretudo passado em família. Acabei por ir ver A Idade do Gelo 3 na companhia dos sobrinhos e a verdade é que gostei muito. Apesar de ter visto a versão portuguesa (prefiro as versões originais), o filme está muito bem conseguido e divertido acabando por ser um óptimo momento de distracção.
Mas o mais importante foi ter estado com os miúdos. Apercebi-me há um tempo atrás que passava muito pouco tempo com a família, sobretudo com a minha irmã e os miúdos. O Gabriel estranhava-me porque raramente me via e os momentos em que estavamos juntos acabavam por ser dispersos e difusos. Comecei a pensar que eles estavam a crescer mas eu raramente estava presente e senti que alguma coisa tinha que ser alterada. E quando decidi mudar de casa esse foi um dos motivos que me levou a escolher o local onde estou hoje.
E entre pipocas entornadas, crianças a correr e a quererem ir fazer xixi a cada 5 minutos a verdade é que passei óptimos momentos.

Ainda tive tempo para passear pela Costa da Caparica e verificar as diferenças ocorridas desde o meu tempo de mininice. Já não existe a Bola da Nívea, ponto de referência para quem frequentava a Costa, os carris do mini-comboio ou as barracas de madeira à beira da areia onde se ia comer qualquer coisa. E cada vez que penso naquele local lembro-me daqueles dias longos de Verão onde existiam filas enormes para ir de camioneta para a praia, de chegar cedo sentindo o ar fresco e a brisa marítima enquanto escolhia à vontade o sítio onde pousar a toalha e o areal, o enorme areal existente na altura! Recordo-me perfeitamente que andava imenso para chegar até à água. Claro que na altura também era pequena e o meu conceito de distância era diferente, mas certamente existia mais areia do que hoje em dia. E existia sempre diversão e baldes para fazer castelos, bolas de Berlim cheias de creme e açúcar que a minha irmã comia, como um ritual, ou as batatas fritas mega gordorosas que comíamos as duas enquanto líamos um livro da Disney ou da Mônica.

Sinto saudades desse tempo, em que era tudo mais simples e divertido.
Hoje não passam de memórias com cheiro a maresia...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Rei do Pop

Foi através de uma simples mensagem que fiquei a saber, ontem à noite, que o rei do pop tinha morrido. Não quis acreditar, pensava que era uma brincadeira de mau gosto. E senti-me como se tivesse 4 anos e me tivessem dito que o Pai Natal não existe. Afinal eu cresci com o Michael Jackson...
E hoje ouvem-se frases como "ai ele estava com um aspecto esquisito" ou "fez tanta porcaria que acabou por pagar por isso" e frases de desprezo semelhantes, que apenas evidenciam a fase decandente em que se encontrava.
Mas nem sempre foi assim, e provavalemente muitas das pessoas que hoje esboçam reacções negativas ouviam e deliravam com as suas músicas há mais de 20 anos atrás.
Lembro-me do culto que existia à volta dele. O Michael Jackson e a Madonna reinavam no mundo da música em meados dos anos 80.
Lembro-me de passar na rua e ver uns feirantes, de aspecto duvidoso, venderem uns discos (de vynil) também eles duvidosos. A capa cor de rosa choque, chamou-me a atenção e fiz uma birra porque queria o disco que achava ser do Michael Jackson. O meu pai lá acedeu para depois eu chegar a casa e perceber que o disco era farsolas, de um suposto cantor parecido e que se vestia do mesmo modo (e até a capa era parecida) e que apenas pretendia enganar criancinhas birrentas e parvas como eu.
Pouco tempo depois o meu primo, um teenager na altura e entendido em música, ofereceu-me o "Thriller", naquele que foi o meu primeiro disco a sério.


Adorava o disco e fiquei a adorar o meu primo. Ouvia-o vezes sem conta e deliciava-me quando passava na RTP o vídeo (naquele que recentemente foi considerado o melhor clip da história da música). Tinha a taradice de querer arranjar uma roupa como a dele, uma espécie de macacão vermelho de borracha que não lembra a ninguém mas que na altura achava o máximo. Ainda bem que não o encontrei ou que a minha mãe teve a felicidade de não me arranjar nada parecido ou provavelmente hoje teria de fazer uma psicoterapia específica para superar esse trauma.

É esquisito pensar que os ícones da altura, que achava "imortais" afinal revelam agora toda a sua condição humana.

Afinal a meninice ficou mesmo lá atrás...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sonhos

Esta noite sonhei que tudo era diferente. Sonhei que estavas no cimo da escada e que não te desviavas de mim propositadamente, inflingindo-me uma dor aguda que me rasgou o peito e dilacerou a alma. Falavas-me e olhavas-me nos olhos, como outrora fizeste, esboçando um sorriso de compreensão e carinho, indicando-me qual o caminho a seguir, perdoando-me dos erros que também eu cometi. Aprendemos sempre com os erros, às vezes da pior forma, não é?
Mas Morfeu soprou-me suavemente no rosto e acordei, tentanto reagir e perceber o que se passava à minha volta. E o peso da realidade abateu-se sobre mim, cobrindo-me com o manto de tristeza que o teu desprezo e rancor teceram. Sabes, sempre nos imaginei diferentes, sempre nos imaginei mais além. Sinto falta das conversas e das partilhas de alma, das vivências únicas, que fizeram de mim o que sou. Da arte, cultura, magia e misticismo, da nostalgia do passado e das descobertas comuns.
Porque é que foi apenas um sonho?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Riscos e Rabiscos

Tenho imagens difusas da minha infância, acho que isso acontece com todas as pessoas. Apenas retratos quase fotográficos de determinadas situações que foram permanecendo nos meandros da memória.
E tenho esta imagem, a de estar sentada no chão da sala entre o sofá e a mesa de centro pesadíssima, com a televisão ligada no Canal 1 (porque na altura não existiam canais por cabo ou privados) a ouvir o senhor que falava com uma voz calma e pousada. Aborvia as suas palavras e os seus gestos, e cada vez que o programa acabava tentava desenhar o que por ali via, seguindo os conselhos que o próprio dava. Os desenhos ficavam sempre horríveis, mas cada vez que via aquele programa achava que conseguia ir mais além e superar-me.
Falo do programa do Vasco Granja, que me acolheu e embalou a infância em doces gestos. Quem sabe se não é por isso que gosto hoje de banda desenhada, filmes de animação ou que sempre tive a fantasia de desenhar?
Tomei conhecimento, através de outros blogs, que o Vasco Granja faleceu. E com ele uma parte da minha infância tornou-se triste e amarga.
Mas para mim Vasco Granja é sinónimo de pantera cor de rosa e do sonho de conseguir desenhar.




segunda-feira, 27 de abril de 2009

Class Reunion - O desfecho

E o jantar de turma lá aconteceu, num restaurante lisboeta onde predomina o bife e a imperial. Acabei por chegar mais tarde, juntamente com uma amiga que se constitui como o único contacto que mantive quando acabei o secundário. Nenhuma de nós estava com muita vontade mas já tínhamos dito que íamos portanto lá aparecemos.
Quando chegámos já todos estavam sentados, numa mesa bastante grande e que albergava mais pessoas do que suponha, tendo recaído a maior parte das atenções para nós.
Verifiquei que todos estavam muito parecidos, praticamente iguais. Claro que mais velhos, maduros, já com algumas rugas a vincar o rosto, mas a imagem que tinha daquelas pessoas manteve-se. As expressões e os risos eram os mesmos de sempre e reconhecíveis em qualquer parte do mundo, e isso acalmou-me e fez-me despir o manto de preconceitos que eu própria levava porque afinal o preconceito era meu, não deles.
E sim, existiam médicos, enfermeiros, biólogos, investigadores, psicólogos, matemáticos, arquitectos, veterinários, professores, mas também desempregados, assistentes de loja ou quem estivesse a acabar cadeiras na faculdade. As conversas pautaram-se pelos percursos profissionais actuais e pela recordação dos tempos de escola. E foi incrível recordar episódios marcantes vivenciados com todos eles, com aquelas pessoas que apesar da carreira ou da vida que têm agora, na altura não eram mais que um conjunto de miúdos inseguros. Ou ver numa mistura de nostalgia e vergonha as fotografias da altura que alguém levou, ouvindo-se dizer "Xi, eu adorava este casaco!!" ou "Ainda tenho esta camisa!"
E havia mesmo quem se lembrasse do nome de todas as professoras, das perguntas e respostas que saiam nos testes , das ementas do bar ou do nome dos cães que eram as mascotes da escola.
Mas também ficou bem patente que aquele jantar de turma era apenas um jantar de turma. O tempo que nos separou fez com que a única coisa que ainda nos liga seja exactamente o passado. Além das tradicionais perguntas do "então que estás a fazer" e a recordação de alguns episódios, pouco mais existe que um vácuo.

Mas se calhar é mesmo assim. Por vezes o passado é a única coisa eu existe...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Class Reunion

Não sei de onde surgiu, quando surgiu ou quem teve a ideia de o fazer, mas no fim-de-semana vou ter um jantar de turma de secundário. À primeira vista parece uma ideia catita e agradável, reencontrar os antigos colegas que seguiram percursos diferentes dos nossos e nunca mais vimos. Mas a certo ponto - e complicada como sou - comecei a pensar: "mas espera lá, isto não é tão interessante quanto parece!". E lembrei-me de quem efectivamente fazia parte dessa turma e de como costumávamos funcionar. È claro que existem pessoas de quem gostava e me dava bem, uma delas é uma das minhas melhores amigas e até já nos conhecíamos antes do secundário mas não foi assim com toda a gente. E mesmo as pessoas com quem me dava...puxa, já passou tanto tempo sem contacto, vamos estar todos tão diferentes!
Recordo-me do panorama geral, éramos uma das melhores turmas da escola e isso pode parecer positivo, mas no seio do grupo não era assim tão bom. No fundo era um conjunto de meninos bem comportados e algo mimados, que competia entre si para ver quem tinha as notas mais altas e entrar em Medicina. E a verdade é que o resultado foi mesmo o de se terem formado vários médicos, enfermeiros, biólogos...
Não sei, tudo isto me soa estranho....Lá está, a maior parte seguiu grandes carreiras, já estão casados e com filhos, uma vida estável, agradável, chique. E depois existo eu, sempre tímida e recatada, que ainda ando de mochila e ténis e não tenho uma grande carreira, não sou casada, não tenho filhos nem uma vida fantástica e finesses. E questiono-me que raio vou fazer aquele jantar, sem ser o de me sentir à parte, porque no fundo não "conheço" ninguém.
Isto pode parecer uma ideia arrogante e presunçosa da minha parte, além de extremamente negativista e talvez esteja a ser injusta até porque também me recordo dos aspectos positivos, das brincadeiras, dos episódios ridículos que nos marcaram, de algumas cumplicidades, dos professores que nos acompanharam e viram crescer. Mas tenho receio que não seja isso a sobressair no jantar, mas sim os projectos, as carreiras, o dinheiro, a vida pessoal.

E tudo isto me faz lembrar uma história da Disney com uma das minhas personagens favoritas, o Pateta. Tal como eu, o Pateta recebeu um convite para uma reunião de antigos colegas de escola, e após o entusiasmo inicial percebeu que não tinha vontade nenhuma de ir porque os colegas seguiram rumos diferentes e tornaram-se médicos, advogados, gestores, pessoas de sucesso, enquanto o Pateta....bem, era o Pateta! Acabou por ir obrigado pelo Mickey e após constatar que nada tinha que ver com aquela realidade e de se sentir inferiorizado, decidiu ir embora. E foi nesse instante que apareceu o Bafo de Onça para efectuar um assalto. O Pateta lá convoca um antigo "grito de guerra" que os colegas reconhecem e todos juntos impedem o assalto do vilão, tornando-se o Pateta no herói da história, admirado e querido por todos.

Não deixo de me sentir familiarizada com o Pateta na primeira parte da história, mas eu não tenho um grito de guerra (e também espero que não apereça nenhum Bafo-de-Onça a efectuar um assalto).

Talvez possa tentar sair de fininho, como o Pateta tentou fazer...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Recordações de Infância

E afinal a capa meio acizentada com um homem que segurava um qualquer instrumento musical contém sinfonias de Brahms, Tchaichovsky, Beethoven. Afinal o rapaz que cantava uma música infantil vestido com um fato de treino azul, típico dos anos 80 chama-se Pedro Couceiro e hoje é piloto de automóveis e cuja música pode ser ouvida aqui.
E depois existia o disco dos patinhos, as 20.000 léguas submarinhas em brasileiro, o Topo Gigio, o Michael Jackson (com o famoso Thriller), ou o José Barata Moura com vários discos incluindo o Fungágá da Bicharada (e é estranho pensar que tenho um diploma assinado por ele...). Existiam os típicos cantores dos anos 70 que não ideia de quem são, as canções de intervenção portuguesas, o Fernando Tordo ou o Carlos do Carmo, o "Viva la España" que eu e a minha irmã adorávamos, o "Carlitos não te portes mal" ou o "Eu vi um sapo" e algumas cantoras africanas cujos discos o meu pai comprava por terras africanas.
E que vontade de voltar a ouvir todos estes discos.
E que vontade de reviver épocas antigas e descobrir novas coisas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Musicalidades


Há já algum tempo que me tenho lembrado dessa peça da antiguidade que era o gira-discos. Recordo-me de existir um pequeno, uma versão simples, onde por vezes ouvíamos músicas de Natal, mas que rapidamente foi substituído por um mais moderno que vinha incorporado numa aparelhagem com espaço para cassetes e rádio. Tinha a inovação, para os gira-discos da altura, de não ser preciso virar o disco para ouvir o lado B, uma vez que a agulha era automática e ela própria virava.
E procurando nos resquícios de memória recordo-me de estar sentada no chão, mesmo em frente ao gira-discos, naquela proximidade de quem gosta e acha que assim absorve melhor cada instante, a ouvir com a minha irmã "A Branca de Neve e os sete anões", numa versão meio brasileira. E apesar de agora me parecer estranho, sei que na altura adorava, ao ponto de a capa já estar meio rasgada do uso.
Também me lembro do meu pai me mostrar um disco com umas sinfonias e tentar explicar-me qualquer coisa. Não faço a mínima ideia do que era, mas sei que foi a primeira que ouvi e que hoje em dia, cada vez que ouço música clássica ou mesmo ópera, me lembro desse disco com capa meio acizentada com um homem que segurava um qualquer instrumento musical.
E depois lembro-me do disco "O macaco gosta de banana" do José Cid ou de um rapaz que cantava uma música infantil vestido com um fato de treino azul, típico dos anos 80.
E dou comigo nostálgica, a pensar nos tempos em que a música era ouvida assim, da forma mais pura apesar do ruído e imperfeição do suporte que era tudo menos digital.