E o sábado fez-se de caixotes, fita cola e carros atolados de tralha. Passei uma luta diabólica com o Pépe, que me comia a fita adesiva das caixas. Era eu a fechar as caixas por um lado, e ele a abri-las por outro. Depois de empacotar tralha (e verificar que teria de levar muita coisa posteriormente) procedi à tarefa fantástica de descer, por escadas, desde o 2º andar, carregada de caixotes, sacos, malas, estantes, etc.
Os carros ficaram atolados até cima e lá prossegui viagem que incluía a passagem da ponte para a margem sul. Enquanto o fazia pensava no quanto a minha vida iria mudar, em todos os sentidos. Os ritmos, as vivências, os contactos....tudo novo e diferente, e o que tem de bom e de sentido de reconstrução, tem também de assustador, de receio, de incerteza quanto ao futuro.
Depois passei pelo processo inverso, ou seja, descarregar os carros e subir com os caixotes até ao 3ª andar (ainda mais alto). Fiquei, como habitualmente, vermelha que nem um pimento e a questionar-me sobre onde e porquê tinha tanta porcaria para mudar.
No domingo sentia o corpo todo moído, parecia que tinha levado porrada ou jogado paintball, além das nódoas negras nos braços que me dão um aspecti altamente estranho e esquisito.
Ontem o dia passou-se a resolver contratos de água, gas e luz e a ver os primeiros móveis, a ver o dinheiro fugir da minha conta sem dó nem piedade enquanto ficava com a cabeça em água a pensar no que ficaria melhor lá por casa.
A sensação é óptima, muito libertadora, faz-me sentir que tenho algo meu, que me (re)defino e descubro em todo este processo. Mas ao mesmo tempo nostálgico, à medida que me apercebo que vou deixar a casa onde sempre vivi em segurança, e onde vejo as prateleiras esvaziarem-se sem pudor.
Mas os primeiros passos estão dados. Agora só me resta continuar a caminhar, porque o caminho faz-se olhando em frente.
1 comentário:
Segue o lema "Festa é festa" e as coisas resolvem-se todas.
Ou seja, a festarola é a mesma ou ainda melhor, só muda é o spot e os enfeites, as bebidas são as mesmas.
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