sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Argumentos

Desde que decidi mudar de casa que tenho tido pessoas a questionar a minha decisão. Muitas não o dizem directamente, mas pela expressão que medeia o horror e a surpresa, ou pela forma como me dizem "mas então não vivias perto do trabalho?" consigo perceber que reprovam a minha decisão.
Isto não quer dizer que seja toda a gente, pelo contrário, tenho tido pessoas que me têm apoiado e ajudado. Mas grande parte olha-me com desconfiança.

E sim, é verdade que vivia perto do trabalho e tinha todas as vantagens associadas a essa situação. E sim, a casa estava bem localizada, muito bem mesmo, e até era grande. Mas não era minha, não a sentia como minha. Ou melhor, foi a casa onde vivi toda a vida, mas senti necessidade de mudança, de voar do ninho. Para todos os efeitos continuava a ser a casa dos meus pais que, apesar de nem sempre lá estarem, continuavam a aparecer.
Tenho quase 30 anos, estava na altura de ter um espaço meu, de ter a minha privacidade. Mesmo que seja longe de Lisboa e do trabalho. Mesmo que essa adaptação me vá ser custosa. Eu sei que vai. Mas acho que nada paga este processo que estou a passar, o de (re)construção e do invariável crescimento associado.

E isso também me vai permitir estar mais perto da família. Apercebi-me que estou cada vez mais afastada dos meus pais (que não duram sempre), da minha irmã (com quem sempre tive uma boa relação mas cuja vida e distância nos foi afastando) e dos meus sobrinhos (que raramente vejo).
Nos meus balanços habituais, apercebi-me que não estou a assistir, e muito menos participar, no crescimento dos putos, que a minha irmã me faz falta e que os meus pais estão a envelhecer. Este não foi um motivo para mudar, mas foi um pretexto para o local que escolhi para fazer o meu futuro. Mesmo tendo de me levantar muito mais cedo para o trabalho, passar a viver nos subúrbios e ter de abdicar de muitas coisas.

Porque há certas coisas que por mais que tentemos explicar só nós compreendemos...

2 comentários:

Van Dog disse...

Importante é tu estares contente, não é?
Mas confesso que compreendo perfeitamente os teus argumentos. Acho que faria o mesmo!

Anónimo disse...

Siga em frente e pupu para os dramatismos das pessoas que só falam, mas não fazem nada de jeito, pq são cagufas e comodistas.

Dá-lhe!!! :)