quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Arca de Noé

Alguém lá em cima anda louco com o tempo. Primeiro calor que nunca mais acaba, depois temporal digno da Arca de Noé.
Ontem à noite instalou-se um tempo como já não via há muito, e temporais stressam-me e deixam-me ansiosa. Decidi ir deitar-me a tentar ler um pouco antes de dormir para ver se relaxava mas a coisa não estava famosa. Ouvia o vento assobiar de forma violenta, empurrando os baldes de água que alguém atirava do céu. Começava a mexer-me na cama e a olhar para os estores que pareciam que iam voar. A Zara decidiu sentar-se no parapeito da janela para investigar o que se passava. O livro também não ajudava, tinha fantasmas e assassinatos e coisas esquisitas e macabras. Decidi fechá-lo e apagar a luz para ver se adormecia e não pensava nem em fantasmas nem em estores a voar, mas o tempo decididamente piorava.
Estava cada vez mais stressada e ansiosa e aos poucos fui percebendo porquê: desde que me tinha mudado ainda não tinha assistido a um temporal assim. Não estava habituada aos barulhos, ao estore do quarto que abana como louco, ao vento que se ouve com mais nitidez ali, num local mais alto e com menos ruído citadino mas mais árvores o que intensifica sempre o som da chuva e do vento. Senti-me sozinha, como uma criança.
A certa altura mandaram-me mensagem a dizer "sabes, o que me stressa não é este tempo, é pensar nos animais abandonados". Ou seja, além do stress que já tinha com o raio do vento e da chuva ainda fiquei stressada a pensar nos cães e gatos que por aí podiam andar, todos ensopados e cheios de frio. Toda a situação era surreal, sentia-me uma menina com medo do escuro. Pensei que ouvir música iria ajudar, pelo menos o barulho vindo da rua não seria tão notório. O MP3 não tinha bateria e o telemóvel não tinha auricular. "Olha, porra para isto!" Fiz um esforço para tentar adormecer, e naquele limbo de sono e sonho, em que não estamos nem lá nem cá, só imaginava coisas parvas, como o estore a voar e cair em cima dos carros estacionados lá em baixo, postes a cairem ou telhados a voar.
Só quando o tempo amainou um pouco consegui relaxar e ser vencida pelo cansaço.
Decididamente ainda sou uma menina...

2 comentários:

Mosca disse...

Os animais abandonados?! Oh rapariga eu gosto muito de animais, mas o que me deixa desesperada nestes dias são as pessoas abandonadas! Os sem abrigo!

Ka disse...

Eu sei! Mas é como dizeres a uma pessoa para não pensar na cadeira amarela... não consegues deixar de pensar nela!