O ano passado fiz o caminho de Santiago com a esperança de me conhecer melhor, de desafiar os meus medos e receios. Em parte esses objectivos foram cumpridos, tendo ficado uma experiência inesquecível e um dos momentos mais importantes da minha vida. O que não esperava era que aquando do meu regresso as coisas teriam mudado, que o que era tinha deixado de ser, e uma fase negra aguardava por mim.
Amanhã regresso aos trilhos que calquei com sofrimento o ano passado. Espero fechar um ciclo e iniciar outro, até porque como diz o leão Aslam, das Crónicas de Nárnia, uma história nunca se repete duas vezes.
Partirei, tal como da primeira vez, de Ponte de Lima não só pela proximidade da fronteira, mas sobretudo pelo significado simbólico. Dizem as lendas que o Rio Lima é considerado o Rio Lethes e quem o atravessasse perdia a memória. Significava a iniciação através do alheamento que pode ser entendido como a necessidade de esquecer para crescer melhor. Segundo a tradição para se chegar ao céu ter-se-ia de passar o Lethes o que exigia o esquecimento de tudo, o inicio de uma nova vida.
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