quarta-feira, 2 de setembro de 2009

História e Futuro


Ontem comemorou-se mais um aniversário da Segunda Guerra Mundial, neste caso, o 70º aniversário do início da guerra. A 1 de Setembro de 1939 a Alemanha invadia a Polónia e assim começava a uma guerra que levou à morte de milhões de pessoas, devastou cidades e incutiu uma cicatriz demasiado grande na história da humanidade.
Não sou conhedora dos grandes feitos históricos e muito menos de acontecimentos militares e bélicos. Sempre foram matérias que me passaram ao lado, embora recentemente tenha sentido uma maior afinidade e interesse em descobrir este tema, também influencida por amigos que sabem tudo acerca do assunto e por um pai que parece uma enciclopédia ambulante.
Ontem ao ler o artigo sobre a guerra questionava-se a vertente histórica da mesma. Como me disse mais tarde no café um amigo com quem comentei o assunto "Quem vence é quem conta a história". E é verdade. Os vencedores são sempre os heróis, dotados de uma personalidade fantástica e de um código moral impecável e intocável. Os vencidos são sempre os bárbaros sanguinários de quem o mundo se livrou. Não quero aqui fazer juízos de valor ou defender o que quer que seja, apenas estou a questionar a história em si, a vertente dialéctica da história. E lembro-me que nós, portugueses, também temos muito orgulho dos nossos "Descobrimentos" e cada vez que digo isto lembro-me de uma professora dizer "nós não descobrimos nada! Os continentes já lá estavam, nós só os achámos!". E ainda por cima com extrema violência, com escravidão e devastação à passagem que são sempre as passagens históricas que se "esquecem" de contar.

Recentemente fui à Alemanha, mais específicamente a Berlim. Embora não tenha sido a primeira vez é uma cidade que me consegue surpreender sempre. Na minha opinião Berlim é uma cidade muito bonita, charmosa, romântica. Mas tem também uma vertente histórico-social muito vincada. Numa esquina conseguimos ver retratos de história e na esquina seguinte um quadro moderno do pós-guerra. E toca-me sempre.
Deambulando pela cidade passamos por marcos e edifícios históricos, memoriais às vítimas da guerra, exposições sobre a segunda guerra mundial, sobre o nazismo, ou sobre uma cidade que ficou reduzida quase a cinzas. Mas existe a outra vertente, a vertente de uma cidade que limpou o pó e as feridas e se ergeu, se reconstruiu, sendo agora uma capital moderna, bonita e cultural onde pulula uma diversidade étnica impensável para os ditadores da altura, o que não deixa de ser irónico.


A mentalidade das pessoas é diferente. Começa-se a trabalhar mais cedo e também se sai mais cedo. Quando está sol, vê-se muita gente em esplanadas a beber a famosa cerveja que já faz parte da identidade cultural do país, ou num jardim a ler um livro. Não existem cães abandonados, pelo contrário, têm dono e estão bem tratados. Fico com a ideia de que realmente aproveitam a vida, é tudo feito num ambiente mais calmo, sereno.

E cada vez que termino a visita a Berlim, fico sempre com a sensação que ficou muita coisa para ver, que quero regressar.

É uma cidade de sonhos, de recomeços e reconstruções...

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