terça-feira, 4 de agosto de 2009

Hora da novela mexicana

"O telemóvel tocou. Recebeu uma mensagem de uma pessoa muito especial. Dizia simplesmente: amo-te.
Ela sorriu embora esperasse mais. Esperava sempre mais porque para ela o amor era um conto de fadas, sempre intenso e fulgoroso, como no primeiro dia. Não conseguia projectar outra forma de se relacionar. Viver é amar e amar é um sentimento forte, um sopro de alma.
Pouso o telemóvel e aspirou mais um gole de refrigerante pela palhinha de riscas vermelhas.
A sensação de sentir a outra pessoa em cada partícula do seu ser fazia-a suspirar por mais.
Olhava para um casal que se encontrava na esplanada à sua frente. Trocavam carícias por entre palavras susurradas e sorridos de quem se encontra apaixonado. Pensou que queria viver algo assim, abraçar outra pessoa e ser abraçada, com esta simplicidade. Apenas um abraço ou um beijo trocados em qualquer esplanada ao pôr do sol. Era uma lamechice, bem sabia, mas gostava de projectar as coisas nestes moldes, com todo este romantismo piegas típico de uma novela, o que era estranho porque cresceu a ver filmes de terror. Não deixava de ser irónico. Talvez fosse uma conjugação astral, pensou, enquanto observava as bolhas de refrigerante rebentarem nas pedras de gelo.
Toda a vida tinha aspirado um grande amor, dos que completam a alma e onde a ausência do outro é notada em cada sopro de ar.
Imaginava-se a viver um romance assim, com flores e prendas embrulhadas em doses de carinho, com poemas românticos escritos à mão. Mas a vida fazia questão de demonstrar que principes e princesas apenas existiam no imaginário das crianças. Mesmo assim ela preferia acreditar. Sabia que essa fé podia ser tomada como ingenuidade mas não se importava. Se não tivermos fé o que nos resta? Como podemos prosseguir?

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