As brincadeiras eram feitas com os amigos de rua, todos eles com calças coçadas da terra onde montávamos os acampamentos dos Playmobil e das joalheiras que remendavam os rasgões frequentes.
Eu tive esse privilégio, com direito a joalheiras nas calças e tudo. Na rua da minha avó, sendo mais interior, praticamente não passavam carros, o que era ideal para todo o tipo de brincadeiras. E foi aí que comecei a aprender a andar de bicicleta. Como não tinha ia usando a dos amigos Miguel e Sónia. Os modelos da altura, pouco sofisticados, pautavam-se pela simplicidade. As bicicletas deles eram como esta:
Sempre me fez confusão o volante que não era direito. Nunca cheguei a perceber se me fazia lembrar os volantes das Harley Davinson ou, simplesmente, as antenas de uma barata. No entanto, à falta de melhor, era isto que se usava.
Aprendi a andar sem as "rodinhas" de lado. Não me recordo se caía com frequência ou não, mas lembro-me do entusiasmo cada vez que me deixavam usar a bicicleta deles. Há medida que o tempo passou ganhei a minha própria bicicleta. Uma BMX, com amortecedores, maior, mais robusta. Adorava aquela bicicleta porque me dava uma autonomia diferente, era uma bicicleta de "batalha". E foi com essa BMX que fiz a cicatriz que tenho no joelho, que fui contra um carro porque me distraí e aprendi a travar de lado com os pés (e a gastar os sapatos nisso, claro).
Já não tenho a BMX. Deixei de andar durante muito tempo. Há cerca de 2 anos comprei uma bicicleta, mais moderna, mas também das mais baratas, no supermercado. Já tem mudanças e travões com sistema sofisticado. Mesmo assim raramente ando. Voltei a pousá-la durante muito tempo, alegando cansaço, falta de oportunidade ou travões em más condições. Ontem voltei a pegar nela. Cheguei à conclusão que não tenho a idade que tinha. Mal consigo andar uns metros, fico logo cansada e com dores nas pernas. Também chego à conclusão que definitivamente não me ajeito com mudanças e bicicletas modernas.
Tenho saudades da minha BMX!
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