quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sinais


Já fiz o caminho português de santiago duas vezes e em ambas as ocasiões fiquei com a sensação que faltava experimentar algo. Não sabia bem o que era, mas uma sensação de inquietação era evidente.
O ano passado, só depois de ter percorrido o caminho mais uma vez percebi o porquê dessa inquietação: necessitava de trilhar o caminho sozinha.
Fui sempre acompanhada, mas caminhar com alguém ou sozinha é completamente diferente. É uma segurança existir alguém do nosso lado, alguém que nos incentiva, que nos puxa e motiva, que nos auxilia nos momentos em que necessitamos, com quem partilhamos momentos íntimos e pessoais, dificuldades, dores. Termos alguém para falar quando nos faltam kms e kms de agonia ou à noite, sob as estrelas. É inegável a riqueza de uma ligação abençoada pelo caminho de santiago. Mas ir sozinha acarreta outro tipo de desafio, o desafio de me superar, de me desenrascar sozinha, de crescer e conhecer-me melhor, de contar apenas comigo.
E no início do ano estava segura de que iria este ano, que era algo que teria de fazer e já tinha sido adiado. Mas há medida que o tempo foi passando fui sentindo que não estava bem segura desta decisão, que tinha receios, que não me sentia preparada. Recentemente fui à Galiza e passei inevitavelmente por Santiago e vi peregrinos nas estradas, em Finisterra, na Catedral... E apesar de me sentir comovida, de saber o que eles estavam a passar e sentir, continuei com a sensação de que não estava preparada, pelo menos já.
Mas recentemente...não sei... sem esperar volto a pensar no caminho. Voltei a sonhar que estava a fazer o caminho de santiago, hoje tinha uma mensagem de uma pessoa que queria indicações sobre o caminho e o meu pai telefonou-me a avisar que hoje no discovery channel irá dar uma reportagem sobre os caminhos de santiago. Mas mais forte que isso foi ontem ter visto na estação um casal de peregrinos, com as vieiras dispostas na mochila, o cajado tosco arranjado numa berma de estrada, uma mochila *curiosamente* igual à minha.

Será um sinal de o tempo chegou?

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