A Pandora foi uma cadela que resgatei, há cerca de 3 anos, de um parque de estacionamento de uma superfície comercial. Estava com uma ninhada de carrochos acabados de nascer e no hipermercado onde se encontrava pensavam em chamar o canil para a recolher a ela e aos filhotes.
Não conseguindo ficar indiferente, no alto da minha inexperiência em situação de resgate de animais, contactei com um amigo na esperança de arranjar uma solução. Em conjunto lá a tirámos do parque de estacionamento (a ela e aos filhotes), demos-lhe guarida umas noites e após contacto prévio entregámo-la na União Zoófila que a acolheu.
As coisas não correram da forma prevista e entrei em despique com esta instituição protectora dos animais por razões que me escuso agora a comentar e explicar.
O que é certo é que após alguns anos de sócia, madrinha de uma cadela e diversos donativos e ajudas prestadas, saí da União Zoófila com um enorme rancor e um peso enorme no coração. Para trás ficava a cadela que tinha resgatado, a Pandora, e uma cadela que tinha "amadrinhado", a Sasha.
Ao longo destes anos fui alimentando esta mágoa e este peso por não poder acompanhar e ajudar mais a Sasha e a Pandora, um peso que se foi cravando cada vez mais fundo ao ponto de fingir indiferença em determinadas situações que envolviam animais para me proteger emocional. É horrível, eu sei.
Ontem estava num dia mau, um dia em que essa indiferença não foi possível, em que o cão que costumo ver deambular lá pela rua me tocou mais fundo. Deixei-me abater por isso. E numa tentativa ténue e infrutífera para o tentar ajudar lá coloquei um apelo num site de ajuda a animais que frequentei há anos atrás.
E nessa sequência fiquei a saber que a Pandora, a cadela que resgatei há anos atrás e que estava na União Zoófila, tinha sido adoptada em Março. Está numa família que a faz feliz e cheguei mesmo a ver uma foto dela num sofá, no colo de uma criança - a sua nova dona.
O meu dia iluminou-se. Afinal é possível!! Por mais que me digam "não podes fazer nada" ou "há tantos assim" como tentativa de justificar a indiferença, a verdade é que por vezes conseguimos histórias com finais felizes.
E antes uma história a terminar bem que nenhuma...
2 comentários:
Olá, Ka!
Cheguei até aqui por um mero acaso,de vez em quando lembro-me de ti e da Pandora...
Já pensaste que se calhar o outro cãozito chegou até a ti para finalmente se dissiparem todas as tuas incertezas e saberes que a Pandora está agora a gozar a felicidade que há muito merecia?
Beijinhos
Cecilia
Olá Cecília!
Espero que sim! Fiquei imensamente feliz ao saber da Pandora. Renovou a minha fé em que é possível ajudar e que a indiferença é o pior caminho...
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