Tradição que achei estranhíssima foi a meio da manhã toda a gente parar para ir comer pataniscas de bacalhau e beber cerveja. Pensei "bleck, tomei o pequeno almoço há bocado, como é possível às 10 e tal da manha andar a comer bacalhau e beber bejeca?". Mas a verdade é que quando me cheguei perto da mesa a comida lá marchou (dispensei a cerveja) o que me deixou, confesso, envergonhada.
Parecia cronometrado, mas os cachos acabaram quando começou a chover. O lagar já estava cheio e quando surgiu a fase de se pisar as uvas não existiram muitos voluntários. Eu já estava com os braços vermelhos da comichão que as uvas tinham feito e portanto não me pareceu nada boa ideia andar quase de cuequinha a esmagar uvas e ficar com as pernas todas lixadas pelo que, apesar da insistência, dispensei essa actividade. Acabaram por ir alguns homens mais corajosos(as mulheres fugiram todas), sabendo de antemão que à noite estariam com as pernas irritadas e cheios de comichão. O cenário parecia de uma mistura de filme de ficção científica com um de terror, com material viscoso a ser esmagado pelos pés e um cheiro intenso, para dar lugar a paredes esborratadas de vermelho e pernas que escorriam um líquido vermelho igual a sangue. Pensei que era o local ideal para fazer um filme de terror de baixo orçamento (e de péssimo mau gosto), mas afinal o Hitchock não esfaqueou melancias para produzir um som mais realista no filme psyco? E não atirou baldes com sumo (não me recordo se de tomate se de uva) para imitar o sangue? Ei, eu acho que podia resultar!
2 comentários:
Finalmente, mais uma menina da cidade que compreende... Até aos meus 20 aninhos fiquei sempre com as pernas a arder por alturas do mês de outubro! Aliás quando era pequenita não eram só as pernas, quase me afogava nas uvas... :)
Essa de colocar as uvas em baldes é que não está com nada! Tinham de ser cestos mulher!
Olha, eu teria achado os cestinhos muito mais castiços e tradicionais, mas foi o que me arranjaram. E a balde dado não se olha a asa...
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