Sem conseguir arranjar um dono ou pelo menos uma Família de Acolhimento Temporário para o cão que andava na minha rua - e que baptizei de Igor - acabei por o levar à Associação Bianca, no concelho de Sesimbra.
Já tinha acordado previamente com uma das responsáveis e com o coração apertado no sábado de manhã lá fiz aquilo que achei ser melhor para ele. Meti-lhe a trela e ele veio todo contente comigo, saltando imediatamente para dentro do carro. Veio todo satisfeito a espreitar pela janela ou deitado no banco. Via-se que estava habituado a andar de carro.
Ao chegar à Bianca percebi que as condições não eram fantásticas: um terreno de terra batida, onde estavam espalhadas algumas casotas com vários cães presos uma vez que não existiam boxes. Veio-me à memória o tempo que passei numa outra associação de protecção de animais. Passado tanto tempo voltava a pisar aqueles caminhos...
Apesar da minha angústia fiquei mais calma: pelo menos ali ele estava protegido do frio e da chuva, de ser atropelado ou morto. Tem comida, água e cuidados médicos.
Foi-lhe detectato o chip, embora isso não augure nada de bom na medida em que parece ter sido abandonado na mesma. A responsável até ficou com a sensação de o cão não lhe ser estranho, referindo que poderia ter sido adoptado à associação há uns meses antes.
Só a partir de hoje poderíamos saber alguma coisa uma vez que os serviços onde ficam registados os chips apenas funcionam de 2ª a 6ª.
Ele lá ficou, preso, a olhar para mim.
Eu cá fiquei, com uma ferida enorme no meu peito. Parecia que eu própria o estava a abandonar.
Como conseguem as pessoas fazer isto? Dormem de consciência tranquila?
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