Nos últimos dias, devido à greve geral que acabou por afectar os transportes, acabei por ficar em Lisboa, na antiga casa dos meus pais.
E que estranho que foi voltar a uma casa desabitada mas que sabe tudo de nós. Aquele espaço viu-me crescer, assistiu aos meus medos, alegrias, choros, fases boas e más.
Ali estava a minha cama de solteira onde tantas vezes chorei e onde tantas vezes sonhei, a secretária onde estudava para os testes da escola e mais tarde para os exames da faculdade.
Na parede envelhecida pelo tempo ainda alguns restos de desenhos que fazia nas minhas noites de solidão, nos armários fragmentos da infância, de brinquedos, de roupa usada numa época passada.
Ali estavam as minhas canecas onde bebia o leite com chocolate desde pequena, a porta com o puxador estragado, a mesa da sala de jantar onde apenas comíamos em dias de festa.
Estava tudo ali, mas apesar do sentimento de pertença, de sentir que conheço cada canto e que estarei sempre ligada aquela casa, tudo muda. E o meu caminho não passa mais por ali. Tenho uma nova etapa e uma nova vida para viver.
Acho que não se deve esquecer o passado mas temos de deixar espaço para o futuro entrar.
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