E hoje ouvem-se frases como "ai ele estava com um aspecto esquisito" ou "fez tanta porcaria que acabou por pagar por isso" e frases de desprezo semelhantes, que apenas evidenciam a fase decandente em que se encontrava.
Mas nem sempre foi assim, e provavalemente muitas das pessoas que hoje esboçam reacções negativas ouviam e deliravam com as suas músicas há mais de 20 anos atrás.
Lembro-me do culto que existia à volta dele. O Michael Jackson e a Madonna reinavam no mundo da música em meados dos anos 80.
Lembro-me de passar na rua e ver uns feirantes, de aspecto duvidoso, venderem uns discos (de vynil) também eles duvidosos. A capa cor de rosa choque, chamou-me a atenção e fiz uma birra porque queria o disco que achava ser do Michael Jackson. O meu pai lá acedeu para depois eu chegar a casa e perceber que o disco era farsolas, de um suposto cantor parecido e que se vestia do mesmo modo (e até a capa era parecida) e que apenas pretendia enganar criancinhas birrentas e parvas como eu.
Pouco tempo depois o meu primo, um teenager na altura e entendido em música, ofereceu-me o "Thriller", naquele que foi o meu primeiro disco a sério.
Adorava o disco e fiquei a adorar o meu primo. Ouvia-o vezes sem conta e deliciava-me quando passava na RTP o vídeo (naquele que recentemente foi considerado o melhor clip da história da música). Tinha a taradice de querer arranjar uma roupa como a dele, uma espécie de macacão vermelho de borracha que não lembra a ninguém mas que na altura achava o máximo. Ainda bem que não o encontrei ou que a minha mãe teve a felicidade de não me arranjar nada parecido ou provavelmente hoje teria de fazer uma psicoterapia específica para superar esse trauma.
É esquisito pensar que os ícones da altura, que achava "imortais" afinal revelam agora toda a sua condição humana.
Afinal a meninice ficou mesmo lá atrás...
2 comentários:
fiquei com uma sensação de vazio tb!! Estranho! :S
Um tipo também fica assim meio esquisito com uma notícia destas. Temos sempre a impressão de que as estrelas pop não morrem.
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